sexta-feira, 31 de julho de 2015



Sem pressa. Aprendi que se há dúvida não é pra ser, insistir é carência que vai machucar alguém no futuro. Amor a dois só quando é certeza nos dois, no mais é: atração, tesão, carinho, afeto, sexo, coisas muito boas também, mas não me parecem suficientes para querer existir juntos, querer existir muito perto. Então se for por conveniência melhor abandonar o ideal de amor romântico, apaixonado e lançar concurso com edital público: provas, títulos, análise de currículo... porque sinceramente neste caso, mais honestas são as 'putas' do que quem inventa amor romântico por carência. Pra mim, você deve se amar tanto a ponto de só a pessoa que te desestrutura de forma gostosa merecer o convite para sonhar juntos, no mais lê e segue a lista do 'no mais' lá em cima para evitar muitos erros.

Porque - mesmo - de verdade: a gente sabe quando é pelo que já faltava em nós e quando a pessoa é o que nos fazia falta. A gente sabe quando é só nossa imaginação trabalhando e quando a presença da pessoa se confundi com a nossa imaginação.

Amor dói. 
Pára de achar que amor é para curar uma dor que já existia em você, para curar isso: assiste seriados, livros, festas, cinema, bares, casas noturnas. Não, amor romântico é uma dorzinha que existe causada por alguém específico. Então, entre: sim, não e talvez fica uma respiração ofegante, uma tontura, mas o remédio é sempre a pessoa que provocou a dorzinha no peito. E a pessoa que causa e quem te cura, as vezes sem saber: sorrindo, respirando do seu lado, falando contigo, te faz a melhor pessoa do mundo com um: - Oi. Ai, meu caro, minha cara, se por uma pane no azar os dois forem cobrinhas com venenos complementares, é igual caduceu de hermes, vocês terão a sorte única e invejável de se enrolarem e saberem que têm companhia nesta viagem, que uma grande maioria segue sozinha.


                                             Imagem: Amor Gay.

segunda-feira, 27 de julho de 2015


Sobre o desejo no caminho

O Guhyasamaja Tantra, de origem hindu, um dos mais importantes textos tibetanos. Na verdade inaugural no tantrismo secreto de vertentes Vajrayanas, este texto que ainda não tive a sorte de ler na íntegra, mas sei que no momento propício irei conhecê-lo. Esse texto que possivelmente é um dos mais importantes e que guarda nele iniciações do Tantra Yoga Superior, a mais reservada e alta escala iniciatória do Caminho Vajrayana, estabelece o desejo como mais importante referencial no caminho místico para atingir a iluminação vajra - que simplificando muito trata-se de um estado de inteligência [ inter / ligere = ler-se por dentro, conhecer-se de verdade ] e de pacificação, indestrutível haja visto que Vajra significa diamante, indivisível.

Por ser um texto Tântrico, ser uma trama como a teia de uma aranha, sendo este tão importante, possivelmente é uma trama que merece cautela e iniciação devida com um mestre competente em interpretá-lo, em transmiti-lo com segurança. Porém imagino que se eu disser nesses termos não estarei errando tanto: longe de sugerir a vivência de egos se sobrepondo sem nenhuma ética ou verdade, o Guhyasamaja Tantra diz que o desejo te encaminhará à pacificação, à inteligência, à conquista de uma mente Vajra.

O diamante pode estar sem polimento, pode estar ou ficar embotado por resíduos que o cobrem escondendo seu brilho, mas isso é efeito temporário e frágil depositado sobre a dureza que o constitui diamante. A mente é esse diamante e talvez viver eticamente os desejos seja friccionar, seja se polir com verdade para se reencontrar transparante para si e para os outros.


P.s.: espero entusiasmado um dia ter a honra de ler o Guhyasamaja Tantra depois de receber iniciação necessária com mestre competente, assim terei mais chances de compreende-lo em seus aspectos símbolos e transcendentais. 



                                         Imagem: Amor Gay


Nós estamos ensimesmados já faz bastante tempo... a natureza, a meditação, a contemplação foi quase esterilizada pela discursividade, inventamos infinitos nomes e estruturações lógicas discursivas para o vazio, que tem se mostrado sempre relativizado por nosso avanço ao longo do tempo histórico, no entanto a maioria das pessoas são incapazes de contemplar esse estado vazio imensurável e inominável que nos remete à uma gênese da mente como contemplação. Não falo só do surpreendente, mas falo da mente nua e especular deixando-se refletir pela Mandala Mahamudra que nunca se completou e nunca deixou de existir.


       Imagem: 3dfirstaid visual architecture.



sábado, 25 de julho de 2015


Um Senhor do Instante. Tudo nele se move ou pousa de verdade. Vive no contínuo de tempo eterno e sabe por fluxo tudo de seus ancestrais. Como nunca quis se distinguir, leva em si a experiência soberana do melhor de todos da sua linhagem.

                                    Imagem:Kingfisher by Jon Chua

quinta-feira, 23 de julho de 2015

 

   Sou bastante grande em tudo aquilo que nunca fui: sem esperança me preencho de imaginação e levanto do lugar confortável do limite do que sou.   Se insiste em saber meu nome: Cinema.


                                 Imagem: Last stop.  Photo by Ren Feria
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Só assim me amarão os intelectuais: enfim poeta político.

Existem autores e existem atores sociais.
Perdoem-me: sem rimas.

Existem líderes e liderados.
Perdoem-me: sem rimas.

Existem justos e injustos em ambos os lados.

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P.s.: logo volto ao romantismo prefiro sexo à política, assim como a natureza.


Aguardando... então:

Toc Toc Toc

Toda porta guarda: esperado ou surpreendente.

Não se deite assim como quem se enterra,
a não ser que esteja se plantando e amanhã floresça.

Teus olhos acariciam minhas ideias desde que me leu pela primeira vez.
Então me diz: - Autor devasso, são quantos?
Respondo: - Sem ciúmes, percebe que sou só você através de mim por palavras a recontar ideias suas provocadas por mim?  Segredo nosso: se fizermos em voz baixa ou em silêncio te devolvo a ti sem contabilidade e em sigilo.

Preciso ir. Para onde só no gerúndio: estou indo enquanto invento.

segunda-feira, 20 de julho de 2015



Não tema. E um vazio impronunciado se sobrepõe a todo som.

Do inverso para cá tenho acreditado que só existe som e tudo que por incapacidade não escuto passei a chamar silêncio. Me ocorre que silêncio sou eu quando só eu me escuto.

Depois de cultivar silêncio por muitos anos alguém torna-se capaz de fazer música. Agora você precisa enxergar, por exemplo, o avesso do que fazem as teclas de um piano e então vai me entender.

Falar é algo controverso: porque enquanto me ocupo projetando sons vão crescendo silêncios confortáveis em mim. Quem sente falta de pensar quando pode ser ouvido? Aprenda outro idioma e ficará óbvia essa afirmação.

Não tema. Concluo-me inacabado.

terça-feira, 14 de julho de 2015

  

   Me surpreendo como alguém insignificante como eu possa ter sonhos tão grandiosos, de modo que: se por controvérsia a vida me fizesse mendicante, minha imaginação desde antes já me quisera soberano.


   Por favor, não me tome por verdadeiro. Vê estas duas verdades lado a lado feito pilares de um pórtico? Considera-me o vão, sou feito à passagem, sem importância celebrada, que nunca receberá nome.


                                    Imagem: Facebook, Zona Diversa MX.
  

domingo, 12 de julho de 2015

   

   Minha maior dor é a insuficiência de viver todas as estórias que imaginei, por isso me assento ao lado do agora confortavelmente, cruzo braços e pernas e digo:

   - Enfim você me pegou, eu que me achava difícil fui alcançado pelo imediato e minha imaginação virou horizonte nosso.





                 Imagem: Faerie Magazine.

   

sexta-feira, 10 de julho de 2015



Sobre borboletas azuis


   Não muito longe da minha casa existe uma mata, então sempre que vou ao centro da cidade passo próximo a ela e todas as vezes desfruto de sua beleza, que me suscita reflexões. Um pensamento recorrente é: até quando ela será respeitada, haja visto que já tivemos um prefeito que cogitou fazer dela um condomínio de luxo. Essa desconexão com a vida não é característica exclusiva dele, ainda são muitos que não percebem o óbvio: o que somos é um conjunto de interações de um organismo maior, ainda que seja possível distinguir entre outro e eu essa perspectiva é irreal, ilusória, por exemplo: digo o ar e eu, no entanto nunca existiu eu sem ar. Esses 'grandes seres em fluxo' costumam cumprir a função de facilitar as interações entre os imersos neles. Até esse ponto os homens primitivos conseguem acompanhar o raciocínio de existirem a partir de condições favoráveis a existência deles como organismos, o que os homens primitivos ainda não alcançaram é a 'economia' e 'não gratuidade' nas manifestações naturais, se essas duas inferências forem reais sobre o modo como se fez e se faz a natureza, então as interações nesse ecossistema são muito mais sutis do que as que nos parecem evidentes, como precisarmos de água para vivermos. Se a natureza faz-se por economia e não gratuidade e sendo ela um organismo - ecossistema - qualquer modificação por menor que seja irá repercutir em todo o organismo, assim como ocorre no corpo humano, um micro/ecossistema. Isso significa que mesmo a extinção de um tipo de inseto pode ocasionar grave desequilíbrio no ecossistema a longo prazo, porque a natureza - o sistema/eco - se fez por economia e sem gratuidade ao se expressar também como um tipo específico de inseto, além do que o distingue como espécie ele realiza algo que em cadeia serve ao conjunto sistema/eco.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

   Por gentileza, esqueça um pouco sua prepotência parcial como membro da espécie humana, que fez gradação elevando a maior importância as 'qualidades' que parecem maiores entre os seus, dentre todas as 'qualidades' existentes manifestas, e me diga, pensamento com palavra, usando 'qualidade' restrita a nós:

- Se esse ser não excede a todos os adjetivos que lhe possamos querer atribuir como definidores do que nos inspira vê-lo.

                  Magnífico !

 

   Pode ser libertador desejar o outro, porque se o limite está no ser, desde a origem o desejo é o espontâneo que ultrapassa esse limite. O outro é um convite para além de si mesmo como importante na 'estória' que escreve e se inscreve. O outro é o paraíso à medida que torna menor a atenção aniquiladora de si sobre si mesmo. E ainda mais: o outro que no sexo se agrada me deixando ser nele me eleva à grandiosidade do nós.


    Só em mim posso morrer, só em mim termino, tudo mais pode ser convite à eternidade.

                                   Imagem: Facebook, Zona Diversa MX;
                                   "Marca de agua" Mark Jenkins (2009).

  

segunda-feira, 6 de julho de 2015

  

   Algumas vezes eu confundi felicidade com alguém, mas o que me intriga não é o erro que muitos dirão: - Erro primário, você deve ser feliz por si exclusivamente. Mesmo que seja essa a proposição correta, a questão é: - Qual a possibilidade de dois juntos cometerem erros complementares e simultâneos? A probabilidade traz uma esperança exata para o amor romântico.

   Queria que minha desesperança te alcançasse óbvio como faz a gravidade pela parábola, então eu irei me desculpar por todas as noites solitárias anteriores ao estarmos juntos, e você escondendo amor entusiasmado em um movimento blasé vai afastar de mim a taça de vinho.



                                     Imagem: Facebook Zona Diversa MX;
                                     "El arte de Andrei Vishnyakov".