quinta-feira, 21 de dezembro de 2017


A palavra é a pele
Camada acima da dúvida
A palavra
Na palavra até existe um significado dentro dentro dela
Enquanto existe a palavra
Porque o significado
Cresce
Rompe a palavra
E migra
O significado mora
A palavra nós construímos
Nas palavras que são copos
Colocamos água
Mas fluir é antes disso

Antes de qualquer história sobre o rio ele inalterável continuou rio

Seja educado colecionando palavras e arranjos  de palavras
Seja sábio percebendo naturalidade no que se manifesta sem premeditação de palavras
Seja valoroso e ético aceitando os acordos que não destroem a natureza espontânea independente de existirem palavras

Aqueles que guardam segredos tem uma causa, aqueles que mentem escondem para o próprio benefício, não confunda esses dois tipos

Os mentirosos precisam urgentemente de boa educação, de respeito aos outros e de amor à verdade, et cetera. Tudo menos que a verdade é insuficiente. 

O que existe além de si,
O que não importa com sua própria preservação,
O que existe entusiasmado,
Sobrevive,
Porque é quem nunca coube em um único coração.

quinta-feira, 30 de novembro de 2017



Eu preciso que a diversidade dos meus amigos ultrapassem os limites do tempo e percebam a palavra materializada: liberdade feita estátua. Eu me prostro à França que cindido a história presenteou aos Estados Unidos da América, umas das maiores realizações do Ocidente, junto à China ( misto: Ocidental e Oriental ), com a Estátua da Liberdade. )Talvez a Estátua da Liberdade torne-se o maior símbolo dessa Era, não como uma verdade individual, mas como um estímulo a todo povo sedento por manter - se livre, como essencialmente nos trouxe ao mundo nossa natureza como espécie.

Que tenhamos acordos pacíficos, honestos e igualitários... e que a liberdade seja o maior símbolo dessa Nova Era.

Então, na parte que também me comove ser brasileiro, peço licença para recorrer ao foclore e à lenda urbana... dizem que na Europa Medieval existiam mapas falando de uma terra mitológica, onde se escondiam os deuses e nesses mapas essa terra era chamada Brazil. Talvez algum Europeu tenha nos visto arder nativos dessa terra em plena pureza e então tenha escolhido nos descrever como brasas puras incandescentes.

Que jamais alguém tenha dúvida: ser brasileiro é nascer filho do fogo, até em nacionalidade no idioma Latim. Enfim, maravilhosamente no fogo e filhos do fogo nós ardemos, somos brasas: brasileiros.

À beira de toda lágrima é pura semente.

Madura é a cor do sorriso que já nasce colheita.

Eu não vou e nunca fui, ser é uma condição de continente, de mirante. Mas a alma se vê um barco e acredita que vai, acredita que navega, talvez por isso até navegue.

A alma à beira do abismo já acorda desde cedo equilibrista, faz disso imaginar.

Apesar de nunca ter ido de mim eu passo e os outros também passam, evitamos falar, mas sempre soubemos.

Ser é estar à beira de algo que nunca sabemos e tentar usar contra o abismo um espelho, um reflexo de si no passado. Ser é muito frágil até que o ser sinta algo, porque sentir é incluir - se numa coisa maior, mais remota, ancestral e que mora em muitos corações. Ser quando vira alma imagina e talvez por isso navega para além de si, porque em si o ser era só mirante ou só continente, mas imaginando navega.

quinta-feira, 23 de novembro de 2017


Para mim não é sobre tempo, mas sobre o amor como causa espontânea e impactante. E a verdade desse amor ser maior que todas as consequências.

Eu só quero o amor romântico e não inventado como expectativa que antecede o desejo inevitável no olhar entre os que amam. Tudo menos que isso é só momento, desejo resistível, saciedade animal ou flerte. Só me interessa, e se existir: o amor transcendental, impactante, espontâneo, irresistível. Tudo menos que isso é mera invenção íntima e eu quero o amor como força natural manifesta do contexto. Não o amar porque eu preciso, mas quero amar porque entre nós é inevitável nos amarmos.

Eu só quero um amor que seja causa imediata dos sentidos, sem precisar dar satisfações à razão. Porque eu não escolhi corresponder à nenhuma história ou conveção; eu só quero e, se existir, algum amor semelhante à chuva que cai de encontro ao solo sem sem perguntar o porquê.

Talvez algumas outras espécies não humanas me demonstrem esse amor como força da natureza,  mas para que seja completo em mim, preciso de equivalência na espécie que me manifesto, que seja amor entre humanos, mas livre de qualquer conceito e uma manifestação autêntica do desejo mútuo e natural.

domingo, 12 de novembro de 2017


Implacável a flor avança efêmera sobre o tempo
porque o amor é chuva fina em toda
manhã, tarde, noite, madrugada e entremeios, só amor ultrapassa fronteiras.

Por amor alguns amores não acontecem
e indizíveis alcançam o perdão no silêncio.
Até as pálpebras dos olhos medem o piscar, mas não se pode dizer nada
e o silêncio tem que ser suficiente.

Eu vou chover
e tudo florescerá sem ter um nome,
apesar disso irá nascer,
ainda que não possa ser dado um nome.

Os que amam dessa maneira
colhem em grandes cestas,
desses amores,
tudo que não aconteceu.
E
na pior hipótese
tem celeiros.

terça-feira, 31 de outubro de 2017


É preciso que você sinta diferente, mas perdoe e acolha, menos que isso é a guerra.

É preciso que você seja diferente, mas perdoe e acolha, menos que isso é a guerra.

É preciso que você entenda diferente, mas perdoe e acolha, menos que isso é a guerra.

É preciso que você faça diferente, mas perdoe e acolha, menos que isso é a guerra.

Mas até na guerra: perdoe e acolha, pelo bem da espécie humana apesar de cada uma das variáveis opiniões humanas.

Alguns são essencialmente leais à essência, eles são os que preservam, neles impessoais  vivem o poder como desejo coletivo e a eternidade.

Perdoe e acolha

Nenhuma ideia é sobre a verdade. Toda ideia convence porque causa esperança.

Todo fato é imediato. Sobre todos os fatos cada interpretação quer a melhor ideia para aqueles que sentem.

Três agoras:
o fato imediato;
as interpretações;
aqueles que sentem.

O fato: lançada ao alto a bola volta cair.
As interpretações se dedicação à explicar esse fato para oferecerem esperança e aumento de poder para os que sentem o fato.

O fato é verdade comum;
sentir o fato é sensação no íntimo;
depois disso: são as interpretações sobre o fato.

Se a verdade fosse dependente de uma interpretação que a relata seria parcial e não seria verdade total como um fato.

A melhor interpretação é aquela que traz mais esperança e poder de ação.

O que faz sentir o fato de uma nova maneira no imediato é transcendental e também existe porque acontece no imediato independente de interpretações.

Só podem existirem enganos na ideia, só as interpretações podem estar erradas, o fato no imediato é incontestável para o que sente.

Os maiores erros surgem dos esforços em interpretar o transcendental.

Os maiores limites no sentir surgem da crença que uma interpretação é a verdade.

Entre o que sentimos em segredo e compartilhamos existe toda a ignorância que nos acolhe e não nos explica.

quinta-feira, 26 de outubro de 2017


Eu sou: no sentido de me sentir separado de um conjunto.

Eu sou tribal: no sentido de que o mais imediato é necessário para sobrevivência.

Eu sou libertário: no sentido de poder fazer escolhas.

Eu sou comunista: no sentido de que todos sejam beneficiados.

Eu sou democrata: no sentido de que as regras coletivas impostas incluam todas as opiniões.

Eu sou republicano: no sentido de que precisamos criar e respeitar modos de organização.

Eu sou nazista: no sentido de que o conjunto das melhores opiniões seja melhor considerado que opiniões pessoais sobre o coletivo.

Eu sou fascista: no sentido de que o conjunto irá banir o que não é conveniente ao conjunto em nenhuma situação.

Eu sou imperialista: no sentido de que precisamos e alcançaremos unidade cultural.

Eu sou artista: no sentido de que a cultura serve de orientação coletiva e se transforma.

Eu sou filósofo: no sentido de precisamos saber.

Eu sou cientista: no sentido de que precisamos ter confirmações por testes.

Eu sou ecologista: no sentido de ser humano é uma pequena parte do todo e isso significa pouco na melhor perícia lógica.

Eu tenho fé: no sentido de que o fato é maior que minha capacidade de entendimento.

Eu crio memórias: no sentido de que o lembrar seja vantajoso sobre o entendimento.

E porque o que eu sou e o que me acontece não trata só de mim, no mínimo somos e continuamos e melhor nos definimos como todo eu qualquer um: em um verdadeiro nós.

quarta-feira, 18 de outubro de 2017


Sobrepostos os corpos nus tem validade simultânea, amanhã cada qual carregue de novo consigo seu próprio desejo. Então nos encontramos no mesmo ponto: vulneráveis.

Imagem: Zona Diversa MX

A vida como cultura é sobre as regras de existir, porque a cultura permanece apesar da terminalidade de cada ser a cultura é a última  fronteira defensável do ser desejando a eternidade, neste ponto o seres se matam ou vivem por uma utopia, este é o lugar de cada cultura e das inconsequências de cada uma delas: desejo de eternidade frente ao abismo. Humanismo é todo que surgir apesar disso e barbárie é sobre o esforço de sobrevivência de cada cultura em particular.

sábado, 14 de outubro de 2017


Nem palavra alcança o que passou da margem  do sentir e continua sendo.

As pessoas confiam em pessoas que sentem. Para pessoas são pessoas as que sentem.

Trampolim.

Então salto à margem que ninguém me considera. E por pouco fiquei lá. Mas havia esperança e voltei:  à condição de quem informe sonha em dar forma a um sonho mais agradável.

Nenhuma pessoa é. Toda pessoa é medida pela esperança do que diz querer ser frente ao possível, assim são as pessoas: esperanças.

Não... erre! Eu preciso que logo em frente você tropece, então é quando te darei a mão e seguiremos juntos. Não. Erre! Enfim, eu te alcanço em cheio quando você estiver caindo.

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Talvez Buddha nunca tenha nascido ou morrido, talvez por isso Buddha é eterno.

Certa vez um amigo me perguntou:

- Shakyamuni, o fundador do Budismo nesta Era, nasceu Buddha ou se tornou Buddha?

Eu respondi:

- Nasceu, deixou de ser e tornou-se Buddha. Porque se Buddha fosse algo relacionado à qualquer significado então Buddha não seria uma causa inerente e inequívoca da própria natureza da mente. Buddha é lúcido, subjugado às condições do tempo e lugar como manifestação, mas porque não existe dependente de significados essa é essencialmente a transcendência de Buddha. É a mente lúcida apesar de qualquer significado.

Ficamos sorrindo e seguimos a estrada evitando acidentes na rodovia.

E o que Buddha diz não é satisfação ao tempo. Observe, em essência as palavras de Buddha seriam 'comedidas' e satisfatórias à qualquer época. Essa é minha religião.

terça-feira, 3 de outubro de 2017


Vou falar algo e sair correndo, porque vão me julgar inconsequente, ignorante, etc. De fato sou ignorante neste assunto e tomara que meu pensamento não gere nenhuma irresponsabilidade pessoal de cada qual para consigo mesmo.

A questão é que tenho minhas precauções com a dita Medicina Preventiva, por que enfim ela pretende nos prevenir do que? Da vida? Óbvio que em alguma parte desse conjunto que se atribui a mim algo vai mal, talvez esse microscópico eu, em algo tempo futuro, transcorrido decênios, será a causa da minha morte ou se somará a um conjunto que dê forma à uma causa proporcional e derradeira da minha morte. Eu não acredito que seja científico, na atualidade, que a ciência médica queira me prevenir da vida como um processo de morte.

- Doutor, o que me conclui é a morte, trata só do resfriado, porque tudo em mim está morrendo e eu aceito o mistério.

- Mas e a distanásia?  Interrompe o médico.

- Doutor, não vamos confundir ciência com filosofia e medo disfarçado de moral religiosa ou humanismo. Algumas células e tecidos mais avançados no progresso, mas todos correm para chegada. Não vai acreditar, Doutor, mas eu nasci para morrer.

Morreram pela eternidade, depois de muito tempo, porém com a árvore só os frutos que se mantiveram verdes. Não interrompam minha queda, uma constelação de galhos quer nascer de mim.

domingo, 1 de outubro de 2017


Percebo: então inaugurei o eu.

Emoção.
Forma.
Ação.
Ideia.

Deste feito, tudo mais são sutilezas.

O que existe acontece como:

Emoção,
forma,
ação,
e/ou
ideia.

É verdade coletiva uma expressão incontestável das quatro percepções.

O bailarino é uma verdade coletiva:
existe como emoção relatada;
existe como forma;
existe como ação;
existe como ideia.

Vejamos,
"o grande bailarino com asas que voa sobre todos os continentes":

pode existir como emoção;
não existe como forma;
não existe como ação;
pode existir como ideia.

Enfim, "o grande bailarino com asas que voa sobre todos os continentes" existe, mas não é uma verdade coletiva.

sexta-feira, 29 de setembro de 2017


Veste a tua melhor ausência antes que qualquer luz te esclareça, então dorme no miolo à margem de tudo que foi dito:

Lá está você que curiosamente faz sombra sobre toda certeza desde quando nasceu, naquele início que ainda nem havia dúvida.

Acolhimento. Eu poderia pensar que estava sozinho de tão íntimos, apesar disso continuava surpreendente: descrevo o amor.

quinta-feira, 28 de setembro de 2017


Minha infância... aos fundos da casa da família um enorme pé de jambo vermelho e uns cinco pés de amora. Quando chegava a época de colher a parte que as crianças não pegavam virava: suco, polpa congelada, licor, etc.

Eu lembro dos panos usados para espremer e coar as amoras. Uma quantidade enorme daquele fruto, muitas horas dedicadas à dar finalidade , ah! ..., e a cor: todas variações de roxo e vermelho nos panos como filtros.

Pegavam é um verbo aplicado à aventura, uma modalidade de furto consensual nos pomares das vizinhanças das pequenas cidades. Certa vez eu me lembro de estar eufórico em ser invasor do meu próprio quintal; ingenuidade - às vezes existe um mundo afetivo enorme em lugares pequenos.

sábado, 23 de setembro de 2017



Somos tempo
Disso queremos relato
Sobre o que somos
Em tempo adequado
Para sermos íntimos
Da história que será quantidade
De nós
Anterior aos novos olhares
Contínuos
Sobre ser
Apesar de si

                     

É como se a Terra dissesse:

 - Te mato inteiro e agora, capturado pelo que há em mim e é mais nocivo a você, porque é o único jeito de te guardar para muito mais que depois de amanhã.

Puro âmbar

sexta-feira, 22 de setembro de 2017


Tua causa foi perceber o sofrimento entre os sensíveis, tua meta foi encontrar caminhos que sem discriminá - los os libertasse do sofrimento, tua obra é pacífica e toda abrangente, sendo assim: como não te amar Buddha?

E se por infinitos Éons ( Eras ) eu não alcançar a condição de um Tathagata, me encontra entre seus seguidores como um intemerato Dharmapala - teu guerreiro -, que ri-se da vida ainda que tropece nela, mas que escolheu oferecer o maior entre os tesouros que tem: lealdade.

Deixe minha dor autenticar o percurso dela em mim.

Vou contar um segredo, eu tenho uma palavra interna correlata à infância, quando mentalmente eu me refiro para mim sobre os 'mini - humanos' eu substituo a palavra infância por infâmia. É uma fase terrível da existência, porque para os adultos é pressuposto que os menores estejam errados em tudo que dizem e fazem, por isso: fase da infâmia. Enfim, eu tenho um sentimento de compaixão em especial pela fase da infâmia.

Eu não sei vocês, mas foi uma fase da vida que eu nunca tive razão. E se o que eu dissesse fizesse o menor sentido, algum adulto sempre assumia autoria no meu lugar.

quinta-feira, 14 de setembro de 2017


A morte para principiantes

Pensar com serenidade sobre a morte é extremamente bom. Entre outros benefícios, pensar sobre a morte traz essa ocorrência natural, inevitável e imprevisível, à consciência e você terá que se haver com isso de forma madura, o que é o oposto de confiar algo inevitável ao acaso e aos rompantes emocionais.

Eu acredito que a morte deveria constar como um dos temas de maior relevância na educação das pessoas desde a infância.

A percepção de limite traz um sentido de preciosidade para vida simultânea à constatação controversa de que a vida em si não tem um valor inerente, porque não se trata de algo durável ou mesmo sobre o qual invariavelmente possam se estabelecerem estimativas precisas. Mas então que valor tem a vida diante disso? E uma das respostas possíveis a essa pergunta é: o valor do significado que o vivente agrega à vida para si mesmo e em contexto social, porque as ações são bens pessoais e coletivos que podem ultrapassar a mortalidade do indivíduo que age.

Abaixo um aparte.

Por didática, vou dividir o ser manifesto em três partes:

O ser existe como ideia;
O ser existe como ação;
O ser existe como forma.

Sem aprofundar nessa ilustração e nas deduções e induções que possam advir delas, observe as matizes em degradê entre sutil e bruto, entre movimento e inércia. Então esqueça isso, se concentre em perceber entre essas três divisões 'inventadas' a graduação de perecibilidade, a diferença de tempo no processo de deterioração de cada uma dessas partes manifestas do ser. Veja que não é algo invariável, livre de exceções, mas parece mais possível que as partes relacionadas ao ser cultural tenham uma vida maior que a parte exclusivamente biológica ( o ser que existe como forma ), assim: uma ideia sobrevive mais tempo que uma ação e uma ação sobrevive mais tempo que uma forma.

Deduções, induções e sofismos curiosos podem se inspirarem nessas três divisões INVENTADAS sobre o ser manifesto: como ideia, como ação e como forma. Por exemplo, um gêmeo univitelino é uma repetição do mesmo ser na forma, mas sem coincidir necessariamente em nada no ser como ideia e no ser como ação. Outra possibilidade é perceber que uma ação que teve origem remota em um ser específico manifesto como ação pode tornar-se um código corporal e ocupar outro ou outros seres simultaneamente em diferentes lugares e épocas, quase como perpetuidade cultural; essa mesma maleabilidade do ser como ação também é propriedade do ser como ideia.

Por fim, eu posso tornar essas três divisões inventadas sobre o ser manifesto numa grande piada, se eu tentar qualquer aproximação  etimológica com os termos: espírito, alma e corpo, porque não satisfaria às pessoas encantadas pelo mistério e pareceria muito oportunista às pessoas interessadas na Cultura, por esses motivos não farei essa aproximação meramente etimológica aqui.

quarta-feira, 13 de setembro de 2017


Quase sempre a loucura e as doenças da alma nascem do egoísmo. Quem está interessado no outro: o outro como a ideia apaixonada, o outro como deleite estético ou o outro como destinatário de amor sem busca por reciprocidade, sofre menos da alma, porque a alma é semalhante ao Narciso mitológico e fica doente, petrificada, quando se admira excessivamente no espelho, coisa de extrema gravidade para algo efeito à fluidez por natureza. Mas não confuda a alma com a caixa que abriga a alma, às vezes o problema é físico e nestes problemas físicos da caixa a alma está isenta de responsabilidade e quem precisa de reparos é a caixa mesmo.  Mas, enfim, o alerta é que o interessar - se verdadeiramente por algo para além de si te alivia de tudo que há no ego e que te faz doente ensimesmado. Partindo para o mais simples, é por isso que dizemos que o amor cura. Porém leve em consideração que existem exceções e outros itinerários afetivos. Então se como fazem os artistas, os poetas e os escritores, você se interessar por si mesmo, mas como matéria-prima do discurso ou expressão dirigida ao outro, você também não estará tão vulnerável aos prejuízos do ensimesmamento egoísta, porque ainda que o outro não seja causa imediata está como a finalidade daquilo que te põe em movimento, evitando uma alma petrificada. Percebe como o outro - sendo a causa ou o fim - te livra de um ensimesmamento que adoece a alma? Pode parecer estranho, porque o outro quase sempre é a isca da nosso desequilíbrio afetivo, mas somos mutuamente a cura afetiva uns dos outros, a medida que pescamos uns nos outros nossos mais recônditos desequilíbrios emocionais.

domingo, 10 de setembro de 2017


E toda a beleza
à porta de um coração medroso,
bem antes de qualquer conversa, diga:

- Que o próximo passo dê um passo a frente.

Coração alcança pelo ritmo os novos ares. E sem ter perdido ou ter conquistado ensaia o riso, o choro e a indiferença.

E toda a beleza
à porta de um coração medroso,
bem antes de qualquer conversa, diga:

- Que o próximo passo dê um passo a frente.

Brilho aveludado cintilante nos cimos e contornos. Ainda que todos contradigam, nunca faltam no que a alma ama.

E toda a beleza
à porta de um coração medroso,
bem antes de qualquer conversa, diga:

- Que o próximo passo dê um passo a frente.

Indiferença é âncora fria. Espero o riso como quem no inverno desperta antes da alvorada.  Se te acontece rir é como o sol, que também é para mim.

E toda a beleza
à porta de um coração medroso,
bem antes de qualquer conversa, diga:

- Que o próximo passo dê um passo a frente.

terça-feira, 5 de setembro de 2017


O vazio é uma coisa que cresce a medida que a gente se enche. Nem lembro de existir vazio na minha infância e olha que nasci no interior, por isso vim crescendo de dentro pra fora, até que me mostraram a capital e em seguida fui descobrindo o vazio. Uma capital enche a gente bem rápido. No interior uma única avenida às vezes com poucas curvas vai mudando de nome, enquanto a gente caminha do começo ao fim e na mesma jornada sem nem mudar de reta estão todas as possibilidades. Na capital sobram muitas ruas e a gente fica pensativo por não saber o que acontece nelas.

Outra coisa que enche a gente bem rápido é a ignorância e dar nome ou mesmo inventar estória evita que a gente fique vazio pela falta de nome pras coisas que acontecem.

Uma pessoa que tem nome não enche, ela continua do lado de fora da gente e responde por si caso a gente a questione. Mas uma pessoa sem nome é uma coisa incompleta e logo faz o vazio aumentar depois que passa.

Palavra é também uma forma de evitar o vazio, porque toda palavra só é completa se sair de dentro e for pro lado de fora, então igualmente palavra não enche e por isso palavra também serve pra não te deixar vazio.

Parece complicado, mas é bem simples, vou explicar. Tudo que fica do lado de fora não enche, mas se for do lado de fora pra dentro então enche e não demora muito te deixar vazio.

domingo, 13 de agosto de 2017


Com o meu pai eu aprendi o silêncio e a força da inação operante.  Meu pai fala em raras ocasiões e quase sempre está fazendo algo útil, porém sem nenhuma reação desmedida ou caprichosa como modo de resposta ao que está em volta.

Eu demorei muito para começar aprender com meu pai, passei muito tempo dedicado às lições da minha mãe que fala até sozinha e de reações energéticas, apaixonadas. Então, depois de entender a parte que transborda da relação com o mundo ensinada pela minha mãe, eu fui e estou dedicado à força do não dito, da não reação aos humores do contexto e da ação imediatamente útil.

Inabalável, incólume, certeiro, silencioso... útil.

terça-feira, 8 de agosto de 2017


Faço a escolha de três medidas e nenhuma delas serve como totalidade à uma descrição da experiência de ser, mas todas são úteis:

Não sou eu,
Não é o outro,
Não é o intermédio.

Ser é a ficção mais real.

A noite me toma no colo e me faz viver como durante o dia, enquanto o dia é puro sonho; acredita?

Às vezes por paixão e outras por distração.

Sem horizonte o ser é medida infinita de si mesmo e se avista incontáveis vezes contínuas.

Das três partes seccionadas de mim eu me sirvo para mim. Canibal. Eu como o ontem, o hoje ou o amanhã ao sabor do tempo.

E eu sou inteiro antes da ideia ou descrição.

- Pássaros miúdos me assustam ou encantam, mas eu aconteço imediato diante deles.

segunda-feira, 31 de julho de 2017


Acho estranho que alguém cogite a inexistência sem nenhuma experiência íntima que sirva de argumento ou prova. Na hipótese mais plausível a morte é um relato sobre o entorno e só. Mas, e se existir for uma condição intermitente de naufragar na solidão? Então não terá sido erro sobre terminalidade, no sentido de que termina aquilo observável e termina até a acuidade por observar, mas ainda desconheço um única experiência imediata que diga respeito ao meu começo e que talvez possa servir de referência ao que serei como fim. Ora, ser é minha única parte eterna. E eu finito porque já não serei, terei terminado para mim, mas na mais restrita possibilidade todo ser é para além de si e nos vestígios minha eternidade é a parte daquilo que eu significo e existe independente de mim. Não se assuste se descobrir que em essência tua reencarnação anterior são todas as outras existências e significados que deram sentido à tua vida: alma do mundo, que abriga no peito, nas reações e sentidos tudo o que acontece te alcançando. O tempo consome quaisquer características, mas a condição de observar é continua, então corra para o mirante isento de julgamento e seja a eternidade pelo tempo possível ao teu entusiasmo. E toda característica que você tem, inverta, então veja como uma característica que possui você, porque a eternidade só testemunha a mudança, a transformação e a impermanência, por isso você morre, porque tem características que acredita serem suas, enquanto você é que pertence à elas.

As versões que escrevemos e nos servem surgem sempre de um ser propondo sobre a universalidade, a única condição finita é o ponto de vista de um ser, por isso nos apoiamos sobre uma verdade como efeito histórico acumulativo do que produzimos coincidente, mas como perceberemos as tendências seculares? Oportunidade única é ser a partir dos teus próprios sentidos, examinar a partir do acúmulo mais imediato de sua experiência singular e então reagir com cautela e reverência à existência para além de si.

Sete coisas me ocorrem simultâneas:

Idéia: quaisquer pensamentos expressos em palavras e imagens;

Emoção: humores;

Intuição: impressão síntese, involuntária e não - lógica de qualquer situação;

Sensorialidade: o mais imediato captado pelos sentidos;

Desejo: vontades pregressas e/ou imediatas;

Prospecção: estimativa de futuro;

Adequação: atividade de melhor adaptação ao em torno.

O que eu chamo de 'eu' talvez pudesse ser expresso por um algoritmo que desse razão a essas sete variáveis em mim, considerando minha ação interna e/ou externa como uma resposta às sete variáveis.

As sete 'variáveis' estão sujeitas em separado ou combinadas à:

Continuidade: manutenção da sensação;
Interrupção: ruptura com a sensação;
Associação: recuperação da sensação por similaridade;
Desistência: negação do que foi sentido.

O meu 'eu' me parece uma confluência entre essas 'variáveis'.

sexta-feira, 28 de julho de 2017


Entre a unha que cresce por distração e que a gente rói por ansiedade, a vida continua entre o sonho e o grito de 'corram para as montanhas', enquanto amor é ter alguém para fugir segurando as mãos.

domingo, 23 de julho de 2017


Em comum a todos os momentos, não importa se acordado ou dormindo: eu desejo. Há quem me julgue e eu continuo invariavelmente autêntico.

Dá - me um fim se o desejo não for o propósito. E se através dele alcanço outro sou menos egoísta do que aquele que busca na divindade refúgio de si mesmo, porque ainda é um querer - se bem mais que aos outros.

Amanheço lidando comigo em meio aos outros. E então:  - Bom dia! ( no calor do momento ). Bom dia é um ato de anistia solidária sobre amanhecer.

quarta-feira, 19 de julho de 2017


De tudo que não tem vida o tempo, o sonho e o desejo são os mais cheios de si mesmos; sem nada acontecer se acumulam.

Horizonte, abismo, beira, janela, fronteira são nomes a serviço de quem ultrapassa pessoas, ideias e coisas.

- Não se ressinta.
- Mas como? Se também sou a medida da memória.

A circunstância e o tempo vestem os seres com personagens que encurtem o caminho no qual se apresentam o amor, a fúria e os entremeios, por isso não se ressinta... não poderia ter sido só você ou mesmo nós, porque ser é uma satisfação econômica do contexto expressando vontades.

Os demônios carregam malas cheias de lindas fantasias e perigosas armadilhas, enquanto os deuses se deleitam agora e sonham com amanhã - enfim: são deuses porque se deleitam - ; mas sem exceção todos eles só vivem com teu consentimento dormindo no seu peito.

- Ser é um barco ao nosso comando e a serviço de tudo que não somos. Ser é um exercício por não ser.

No barco alheio: glória e inglória será, enquanto evitamento de total naufrágio no tempo e circunstâncias.

Em tudo que ganhar terá um sorriso de um demônio. No beijo, abraço ou sexo terá sido encontro de deuses. Ser é apesar disso, aquela parte que você encontra-se entre tudo que diz adeus.

sábado, 24 de junho de 2017


Se você me diz que preciso mudar, então eu procuro caixas que caibam cada quinquilharia que eu fui; viro arquivo.

Me diz para continuar, então:
mão,
braço,
antebraço
e trapézio
formarão o ângulo da caneca de café de mais um dia.

domingo, 18 de junho de 2017



Na minha idade eu já luto para evitar o pior.

Os mais novos que eu lutam por seus sonhos.

Os mais novos que estes ainda flutuam.

Submerge o tempo.
E e os mais velhos avisam: sobre o que faz submergir.

Quanto mais te avisam que é menos natural à cada época será menos por si e mais um alerta sobre o tempo: - Urgente, ontem vi um ser humano viver em horário de trabalho.

Em alguns lugares viver é um sonho que talvez seja um excedente que o trabalho torne possível somente ao final da vida.

Nasce uma criança: e mais um organograma veio ao mundo.

Sobre viver, guardamos vivos só aqueles que não couberam nos planos do tempo. E é como se o tempo se dividisse para que eles passem.

À margem de tudo isso estão os animais e as florestas. O pássaro se agita ainda pelo gosto de bicar a fruta hoje, ninguém convenceu o pássaro a voar para que talvez um dia bique a fruta. Ainda é pelo gosto de bicar a fruta hoje que tiramos de nós que o pássaro se agita.


                             Imagem: em Rainfall 憂鬱


A primeira parte da vida é sobre chegadas e descobertas, a segunda parte é sobre os sonhos e a terceira é sobre preparar despedidas. No mais ou é velório ou é festa, nem todos estão na mesma parte da história.

E cada eu acontece em segredo misturando cada uma dessas partes.

sábado, 10 de junho de 2017


A vida é uma ponte entre o êxtase e a indiferença... mas uma questão é fundamental, a vida é uma ponte entre dois lados opostos que não servem de margem continental... só quem está na ponte vê enquanto vive e se você estiver de um dos dois lados é naufrágio.

A vida é uma ponte que finge ser um barco porque os vivos estão no máximo em equilíbrio e viver não é sobre chegar em algum lugar... chegar é estar em um dos lados entre dois lados quaisquer e chegar é sempre um pouco sobre naufragar.

A vida é a parte na qual dicotomias são ilustrações lógicas... se estiver em um só lado naufragou em uma ilusão.

Uma vaga impressão sobre existir e se fazer mais tênue a cada dia, mais que isso é um delírio que o tempo irá sujeitar ao julgamento.

Vejamos numa imagem: a vida é o outono, mas eu me vejo como folha e acho que a vida é estar ainda presa à árvore ou em queda livre chegar no chão. Mas a vida é o outono.

terça-feira, 30 de maio de 2017



À noite na estrada
eu sempre estive vazio e pensativo.

Algumas vezes criei raízes em todas as direções, então sempre que só existo em memórias volto a esses momentos.

A vida é egoísta e sobre si mesma, por isso inventamos tantas metafísicas.

Sabe o que me assusta em alguns animais amáveis? Quase nunca o momento é sobre eles... como se vivessem naturalmente amando.

Põe o copo à mesa como quem faz pausa e nesse segundo é inteiro.

Amor é uma dor que existe circular e central ao peito, pode se esvaziar de tempos em tempos num suspiro: passado, presente ou futuro.


                     Imagem: Rafał von Czakata





quinta-feira, 25 de maio de 2017


Via Láctea... mamíferos!

Apesar de tanto brilho amanhã o sol me faz nascer.

Naquela cortina que as roldanas ainda agarram só existo dormindo.

Ainda que lá se repitam tantos encontros aqui está o contraditório: acordado entre nós e às vezes desperto.

Sobre o beijo e toda intimidade talvez queremos guardar segredo, por isso nos impomos tanto sacrifício por amarmos.

Amor se paga com vida, mas alguns com a vida inteira de uma só vez.
Divagações 

terça-feira, 23 de maio de 2017



Apesar dos pensamentos o outono é caprichoso ao soprar as folhas de uma árvore e planta a alma no agora.

Você sorriu se escondendo enquanto atravessei a rua. Presto reverência à sua timidez como reverencio o deus ou deusa que emerge da tua alegria para os que te veem mais do que ao passar.

Eu não sei o nome da alma da Terra e sem nunca precisar chamar ela sempre esteve presente.

A eternidade não foi ao parto e por isso o que nasceu terá que terminar enquanto avista sua parcela eterna: condição sempre presente e mutante.

Até no bolo que eu fiz eu dormi em parte para sonhar além de mim, por fim se me quero eterno é por algo mais do que só eu.

Meu aniversário sempre foi festa para receber outros mais importantes que a solidão.

Ame!

domingo, 21 de maio de 2017




Quando olhar pela janela
amanheça ou torna-se noite
de maneira que um deus 
queira morar em seu peito.

Lá é um em si longe só em parte dos sentidos, mas que em pensamento também é chuva rasa sobre lago intermitente. Porque não se conclui é.

Das camadas da atmosfera qual compreende o som? E se involuntariamente também sou o que escuto, tenho sido até involuntariamente muita coisa.

Ah, Terra... a cada raíz que percebo chamo de sentido, entre cinco escolhemos nos definir humanos, e às vezes desconfio que ser eu é só a convergência de uma vontade prévia do em torno.

Lágrimas, audácia e compaixão nos ombros delas descansam a vitória.

É sobre o tempo que se apóia o veículo e envelhecer te faz lembrar disso, mas ser é outra coisa adaptável.

Por isso o quanto antes:

Quando olhar pela janela
amanheça ou torna-se noite
de maneira que um deus 
queira morar em teu peito.


                     Imagem: Zona Diversa MX


terça-feira, 16 de maio de 2017



É costume das poças olharem para olhos sozinhos. 

Vez ou outra dói minha capacidade de lembrar e então minhas memórias dormem na minha respiração. Saudades é um estar cansado sem nenhum esforço, eu respiro diferente enquanto lembro.

Não é sobre voltar em um tempo, eu sinto muito a medida que já vivo cada vez menos qualquer ingenuidade.

Se teu peito fez cadência então existe um ontem que o justifica. E no mais, na proporção que envelheço perdôo mais o passado, envelhecer é um sentido de perdoar a si mesmo.

Pessoas velhas morrem sem culpa nenhuma, porque o que fizeram terá sido viver e ainda assim no último instante de viver tiveram sede.


                              Imagem: C i r c l e 管理者

segunda-feira, 8 de maio de 2017


Me conforta em pensar que amor é talvez um bonsai feito de tempo e sentir.

E as mãos fechadas em cinco dedos como são cinco os sentidos esmurram um vazio. E eu não caibo no côncavo e nem sou bastante ao espaço aberto.

A verdade é um filme que imaginamos em particular tomado por empréstimo de todos os filmes que assistimos; mas só acontece para nós.

Eu não estou sozinho de ninguém e ninguém está sozinho de mim... a solidão é sentida porque somos deixados por nossos sonhos.

A solidão é sempre um desejo que convidamos e que chegou atrasado ou não veio à festa que somos nós.

Sou verde para amanhã.
Sou maduro para ontem.
Mas é hoje que não se completa sobre mim, então no meu mais imediato sou incapaz de acertar sobre quem sou e essa desmedida tem horizonte de pássaros e inscrição em lápide simultaneamente.

sábado, 6 de maio de 2017




A cada folha que pousa o outono se acumula um tom avermelhado e elas saltam para o chão.

Os dias não passam em silêncio, porque como pássaro descansando em galho, o tempo pousa nos sentidos e então sobra só o que sentir.

À beira é onde se coloca os corações e os amores até quando acontecem é porque existem por acontecer. Nunca ontem, hoje de soslaio com amanhã e assim namora a vida.


                                Imagem: Vito Basso

quinta-feira, 27 de abril de 2017



Eu gostaria de ser significativo ao dizer algo aos serviçais do deus da dor, mas nada posso contra os serviçais do deus da dor, porque ele é um deus tão pequeno que se mantém a medida que faz doer em outros sua incapacidade de incluí - los. 


Deuses pequenos são semi - originadores e se mantém a medida que excluem e aniquilam contradições, deuses pequenos são parcialmente verdadeiros pela mesma razão, enquanto a eternidade e potência são possíveis aos deuses que forem sem exceções todo inclusivos.


Eu queria a ti deus pequeno dar - te o domínio sobre todo alfabeto, mas é um deus pequeno e restrito à uma versão e por isso um deus falível e subordinado aos costumes e ao tempo. 


Grandiosos são somente os deuses merecedores do alfabeto, porque os que dependem de versão são os deuses terminais e inferiores à inteligência.


Os deuses Grandiosos escrevem e incluem, os deuses terminais querem fazer imperar só as versões que os contém, porque em princípio não são existentes, mas dependentes de seguidores e de versões que os mantém, não expressam o todo abrangente do manifesto da natureza, são só uma parte da história e um conjunto de regras e sempre morrem junto de seus últimos seguidores. Ah, mas e os deuses que se incluem em todas as narrativas? Estes são, sem exceção, eternos mesmo se não forem cultuados por seguidores, porque estes representam o essencial.


Eu te falo que dormi ontem e esqueci meu nome, porém a minha natureza eterna me encontrou outra vez e me chamou sem predileção ou alarde à uma condição essencial e somente isso em mim merece vitória sobre qualquer tempo, porque é justo ao conjunto como ideia ou como conceito inclusivo que algo todo abrangente represente eternidade.


Não é possível pedir ao sol que seja menor para que seja grandioso um deus descrito e seus seguidores. No entanto o esplendor do dia é por essência vindo da grandiosidade do sol.

quarta-feira, 26 de abril de 2017



Não é sobre a noite, o tempo ou o afeto. Mas porque lá estava a coisa diante de mim. E por ser qualquer coisa que não reconheço como sendo eu a coisa existe como muitas possibilidades.

Ai de mim que me debruço em silêncio ao pôr-do-sol, porque sou dessa gente que sem ser marinheiro nasceu navegante.

- Lástima que a vida encerre, mas absurdo é se não houver um dormir e um sonhar. Tudo mais é remediável.

Hoje amanheci contando o tempo e ele nunca me sobra desde que me descobri com tempo finito. Os mais novos são lindos a medida que neles inexiste uma contabilidade do tempo finito - é um tipo de ignorância cronológica sobre a finitude que faz brilhar o rosto das crianças.

Eu pondero, mas o sonho como realidade só me acena para além de um abismo.

Esta noite se inverteu. Ou como explico toda essa escuridão dormindo no meu abraço?

E sobre aquilo que me disseram ou pelo sorriso de alguém que me coloco de pé, só por mim teria ficado deitado.

Enfim, se estou vivo ou se não morro é pelo outro.

domingo, 23 de abril de 2017



Imagem:

La nebulosa Carina alrededor da la estrella Wolf-Rayet WR 22
Observatorio de La Silla 

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O espaço é uma sensação de reticências para as minhas considerações mais fundamentais sobre a existência. Eu enxergo imagens espaciais sempre sobrepostas à minha sensação de ingenuidade. E a medida que me sinto pequeno diante do universo espacial surge em mim uma esperança infantil. Lá o discurso ainda não fez dobra na própria capacidade de discursar e existe folha intacta de imaginação inimaginável.

domingo, 16 de abril de 2017


Se você olhar mais além do que as relações humanas verá que existe um mundo maior, mais surpreendente e que ultrapassa notícias e você está nele mesmo sem conhecê-lo.

             Imagem: Boundless Existence


quarta-feira, 12 de abril de 2017


Talvez seja só sobre você e o rio, e enquanto o passar prevalecer considere.

À meia sombra alguma luz me faz tão esclarecido que até acho que me entendo.

Reticências nunca é sobre nós ou o cenário, o que a gente aguarda e para o que faz pausa está em outro.

A vida é um sentido coletivo: mais alguém além dos já que estavam chegou, e a morte é sobre o inverso.

Se quer - se  vivo, até nos sonhos seja.

segunda-feira, 10 de abril de 2017




Na gaveta guardo a roupa. Me visto ou eu sou na gaveta uma parte de sonho?

- Te tenho em cada coisa em três partes, diz o tempo: passado, presente e futuro.

Durmo, vago e acordo antes que a noite me tome por inteiro com sombra ou que o dia me inebrie de luz.

Porque você está bem longe da minha mania de acertar eu te erro, enquanto nem meus olhos sabem te evitar.

Coisa qualquer em frente à luz.

Até no cheiro minha imaginação mergulha inventando estórias.



           Imagem: Zona Diversa MX

sexta-feira, 7 de abril de 2017


- Terra... teus filhos estão voltando!

Não te exploram porque te colhem. E como mais alta tecnologia têm olhos que te enxergam acontecendo em cada coisa, não te excluem a medida que se sentem entendendo mais, por isso te compreendem e é quando toda a Terra cabe no peito.

No peito de teus filhos há verdade como um agora apesar das versões e foram feitos tão sinceros quanto um sorriso antes que qualquer discurso os corrompa.

Não há um imaginário malabarista que se satisfaz no virtuosismo de qualquer verdade imaginada. Teus filhos têm olhos e amam.

segunda-feira, 3 de abril de 2017


É como pousa a água que enquanto não for poça termina em cada gota, ser só continua a medida que outro o mantém.

Eu preciso de você nos três tempos, porque eu tenho acabado sempre aqui e você é um lá que me continua apesar do lugar ou época, e apesar de mim.

O infinito ou é indescritível ou uma descrição mantida... mas nós amanhecemos entre essas duas possibilidades porque nós somos ambas.

Certa vez acordei primeiro vazio e tirado, também aquele indescritível é um infinito.

Em cada côncavo de uma das mãos levo um infinito: o primeiro é sem descrição e o segundo enquanto houver um você que me descreve.

Eu não tenho piedade quando desvio de formigas, basta consideração e estar se confundi com existir para mim, por isso eu cumprimento tudo. A cada tempo uma saudação ao que me faz companhia.

quinta-feira, 30 de março de 2017



Algumas noites amanhecem antes de mostrarem estrelas...

todas elas reunidas ávidas às janelas avistam gente.

Essência de luz toda essa escuridão que leva contigo na mochila, vai que algum dia amanhece amando em plena primavera...

então como te reconhecerão noite?

Os olhos são mais sobre o desejo do que sobre ver... porque sobre ver é mesmo só a necessidade mais imediata e por isso os cegos estão sempre acertando.

Quando quiser me orientar nada de esquerda, direita ou quaisquer outros pontos cardiais... diga:

- Não importa se lá ou aqui, mas quando a visão te saltar os olhos e o mesmo fizerem os outros sentidos mais perto você estará da sua ilha perdida.

Porque na ilha perdida já estava quem você levaria para ela, mas a surpresa é que sobre isso ninguém te contou.

Se fazemos perguntas para as quais nós mesmo teremos respostas nossa condição não é sobre a vida ou um algo entendido que sirva ao todo, mas sobre isso sermos nós.

Sem nenhuma angústia, palavra ou estórias iguais às que necessitamos, toda hora outra lagarta tece o casulo do qual sairá alada.


     Imagem: Zona Diversa MX

Até o amor mais egoísta é uma centelha da verdade que quer transcender o ego. O amor quando sublime é a culminância da verdade que não se vê solitária.

Às vezes eu imagino uma substância espelhada e de total maleabilidade, autoreferente que permeia tudo e que tece histórias a partir de si enquanto se imagina.

De todos os amores o sublime e transcendental é no ponto em essa eterna substância se reconhece, mas mantém a dinâmica porque inclui o desejo em sua inteligência como movimento. E então lá está o ela substância também outro e desde então serão ambos mesmo sendo um.

segunda-feira, 27 de março de 2017


Sobre mim faz sono só as noites que não terminam. E cálice é recompensa do tormento de qualquer acordado.

Eu não concluí a ceia. E é por que não caibo nela que me sinto faminto ou por que sou exceção na história entre os que foram servidos?

Vou acolhido por silêncio ou misericórdia, minha ou alheia, mas tenho sido inteiro e apesar das controvérsias sincero.

Eu não sou cristão, mas acho importante marcar misericórdia entre tantos cristãos.

quinta-feira, 23 de março de 2017


Se tiver uma resposta admirável para cada pergunta possível e à atualidade parecerá inteligente, mesmo quando só tiver sido astuto, mas se fizer uma pergunta original, inteligível e sem resposta terá sido inteligente de fato, porque inaugura uma possibilidade sem precedentes.

E uma afirmação quando parece genial diz respeito ao tamanho da dúvida ao questionar qualquer outra versão anterior à versão afirmada e ainda assim a nova versão parecer possível.

Às vezes eu me pergunto se não há um senso estético que nos induz à crença mesmo no uso do que chamamos razão. Algo como se o entendimento em progresso fosse um parecer íntimo sem excluir a sensação de ser novidade.

segunda-feira, 20 de março de 2017



Um bilhete para o menino Chris

Somente no coração há um espelho pelo qual somos capazes de nos vermos refletidos. Ele fica em frente de uma mesa com um caderno de anotações do qual não podemos ver o número da última página ao lado de uma lanterna, um microscópio e uma luneta. Tudo o que chega lá é um pouco nosso, porque para chegar lá precisa se tornar um pouco o que somos.

E o anfitrião é sempre amor, não importa se ele é tímido ou extrovertido.

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A note to boy Chris

Only in the heart is there a mirror through which we are able to see ourselves reflected. It stands in front of a table with a notebook of which we can not see the number of the last page next to a flashlight, a microscope and a telescope. Everything that arrives there is a bit ours, because to get there it needs to become a bit what we are.

And the host is always love no matter if he is shy or outgoing.



Quais percepções inauguram a sociedade?

Na própria palavra sociedade existe uma indicação possível, então sociedade traz em si o pressuposto de uma parceria, conciliação de vontades pessoais equilibradas no coletivo.

A horda tornou-se tribo quando juntos inauguraram o primeiro símbolo coletivo. Mas antes da horda existia o instinto e ambos: aumento da prazer e evitamento de sofrimento são alicerces dos acordos conscientes e inconscientes que estabelecemos criando as sociedades. Possivelmente, inerentes aos primeiros níveis relacionais que estabelecem a convivência humana e também presentes entre os nossos diversos modos de ordenamento coletivo.

Mas quando a horda adota um símbolo comum entre seus membros a tribo nasce de um sentido cultural e a identidade passa a ter uma hereditariedade simbólica. Os seres não correspondem ao imediato da aparência ou de sua relação com a natureza ou seus instintos pessoais, os seres humanos existem também a partir de uma versão que criam para si e fazem transmitir às próximas gerações.

E o símbolo edifica os ordenamentos coletivos.

O poder de convencimento do símbolo justifica uma ação imperialista, então a tribo avança sobre o que é estranho à ela culturalmente armada do símbolo como instrumento de defesa, porque a existência humana se estende ao imaginário e não é só uma relação imediata com a natureza. O estranho é aquilo que não se pode incluir no símbolo da tribo, agora do império, e porque a existência tem relação com o imaginário o estranho é uma ameaça à existência desse ser humano que é simbólico e uma versão imaginada.

Do confronto cultural também surgiu a controvérsia à versão simbólica que sustentava o império. Então a horda que havia se tornado tribo a partir do símbolo, se tornado império a partir da versão, precisou se rever a partir do diálogo sobre os símbolos e versões.

O aumento do prazer e o evitamento do sofrimento são contínuos motivadores instintivos de nossas escolhas pessoais e coletivas. Interferentes em todos os modos de ordenamento coletivo.

Se por um lado o confronto cultural serviu de controvérsia ao símbolo e à versão do império, por outro lado revelou uma vivência incomum: o existir em amor ao símbolo, porque se a existência se estende ao imaginar, alguns humanos vivem em amor simbólico e essa existência é natural à condição do ser humano que nos tornamos.

Os símbolos, as versões, a imaginação não são anti-naturais, mas parte da complexificação da própria manifestação da natureza em toda sua grandeza. Porque o contrário torna a natureza do todo menor e não há como nem mesmo uma equação, uma observação exata, se dizer completa se fizer exceção a esse manifesto.

Agora a horda que virou tribo, que virou império, que tornou-se uma Ordenação Social a partir do discurso ainda precisa conciliar duas medidas: os instintos primitivos que inauguram a sociedade para o aumento de prazer e o evitamento do sofrimento conciliados com qualquer versão de Nação, de Símbolo e de Versão. Nada menos que isso serve ou estabelece a paz.

A falha de toda Nação que fracassa é um desajuste entre o discurso simbólico que a inaugura e o método que a mantém. E isso pode ser resultado consciente e inconsciente daqueles que administram esta Nação.

Paralelo ou contraposto à qualquer Ordenação Social Discursiva existe a materialização do acordo coletivo como poder: dinheiro como cédulas independentes do discurso. Porque dinheiro é um contrato simbólico de valor, apesar de qualquer discurso, de qualquer versão de sociedade e no entanto serve a todas as versões.

Toda horda que virou tribo, que virou império, que virou Nação e que existe a partir do Discurso e se mantém com contribuições involuntárias são Nações justas - harmoniosas - enquanto mantém equilíbrio entre as forças: Constituição (em Nações Discursivas) e os Instintos Primitivos (aumento da prazer e evitamento do sofrimento).

O fracasso, falência, de toda sociedade é resultado de uma falta de equilíbrio entre o símbolo escrito, a versão, que a edifica e os meios de financiar o símbolo. Considerações de importância imediata:

Toda versão criada para edificar uma Nação Discursiva tem como pressuposto fundamental aumentar o prazer e evitar o sofrimento;

As forças de opressão aplicadas aos opositores da versão de Nação são ineficientes a longo prazo se não for satisfeito o instinto de unir-se para aumentar o prazer e evitar o sofrimento;

Improvável que qualquer versão de Nação sobreviva sem atender ao instinto de unir-se para aumentar o prazer e evitar o sofrimento. Em sentido coletivo deve ser essa a experiência imaginada de existir como cidadão.

Para que uma Nação Discursiva exista plenamente ela se materializa para satisfação coletiva - tem patrimônio material móvel e imóvel coletivo - e se personaliza tem agentes públicos e líderes facilmente reconhecível, notáveis, que sejam defensores da versão e estejam atentos ao instinto inaugural, primitivo, da união como sociedade para o aumento de prazer e evitamento de sofrimento.

O sustento da Nação é garantido por empresa pública com ou sem exclusividade sobre o mercado que atua e cobrança de tributos. Consideração de importância imediata:

O sustento proveniente da empresa pública é impessoal e isento de humor, de vontades, de afeto em oposição ao sustento proveniente de tributos que é comprometido por humor, vontade e afetos.

Agora, quais mercados deveriam interessar à Nação como bons investimentos para a empresa pública?

Mercados que empregam poucas pessoas e que no entanto sejam fundamentais à população.

Atenção, já foi dito que a tributação como fonte de sustento da Nação é comprometida por humor, vontade e afetos.

Por fim, o instinto inaugural da sociedade (aumento de prazer e evitamento do sofrimento) não é necessariamente o auge representativo no sucesso de uma sociedade, ao menos não em sentido material de satisfação.


O auge no sucesso de uma sociedade parece ser uma dedicação maior à parte humana em que existir é uma experiência simbólica, imaginada. A prosperidade de uma sociedade parece estar relacionada ao crescimento dos produtos da imaginação e à uma maior introspecção.


sexta-feira, 17 de março de 2017


Eu fracasso
e sucesso é um horizonte.

Amanheço como quem recolhe o que sobrou do que em mim não aconteceu.

E o que eu sou tem como pressuposto a derrota ou naufrágio é minha definição?

Se eu continuar fracassando de forma tão grandiosa talvez um dia me dêem um prêmio? Mas é contradição.

Vejo cada esperança com olhos de atirador de elite.

segunda-feira, 6 de março de 2017


Todas as noites suspiram pelo dia, mas tão logo o encontram se tornam manhãs.

Já há outra coisa aqui a medida que alcança ou toma distância, então sentir diferente de estar pronto é disposição em fazer.

Se os olhos dissessem sobre quem olha apenas a busca por objetos os olhares não teriam uma vida: abrupta,  às vezes tímida, em ousadia, indiferente... os olhares não teriam vida própria.... os olhos pouco seguem o leme.

Mas se quem está no leme alcança os olhos talvez passe a viver escolhas mais conscientes.

Mas lindo mesmo é descobrir que não há um você indiferente ao outro ou vice - versa. Ser é só coletivo.

domingo, 5 de março de 2017


Colhe o nome assentado sobre a relva.

E urgente é que não te falta água,
porque tudo mais acorda ao abismo.
Sorrindo, indeferente ou triste
cada um mergulha no silêncio.

Lá ao longe mora esperança,
mas ela caminha em proporção aos nossos passos e por isso teus olhos buscam o horizonte.

- De mãos dadas com outro(s) menos dor.
- De mãos dadas com propósitos menos dor.
- De mãos dadas com esperanças reticências.

Entre as coisas que nós demos nomes para que fossem, nuvem é uma das que melhor descreve ser como condição transitória e intermediária. Ser é o ponto relacional entre os opostos: ele vive porque para ele ainda é possível continuar morrendo. Depois disso intuimos uma esperançosa elipse.

A paisagem assalta toda janela ou qualquer outra coisa que lhe sirva de moldura, porque as coisas são a partir de uma referência inaugural.

Eu sou enquanto incluo você como exceção ao que eu sou, para além dessa fronteira seremos um nós vazio de perguntas e respostas, no entanto concordantes em diminuir a dor e aumentar o prazer.

A princípio é isso.

quinta-feira, 2 de março de 2017


Se a princípio parece eu, depois de novo olhar logo vejo outra causa.

Porque só me inauguro quando sei que você vem onde eu faço festa.

É tua textura,
É te sentir na língua,
É teu cheiro apesar dele,
É teu rumor enquanto se mostra,
É te ver e buscar a melhor postura.

A partir de agora eu serei enquanto considero outro, então ser é ainda que na vaidade um desejo em busca de alguém para além de si mesmo.

Para além de si estão estórias, enquanto que em si mesmo naufragou o tempo e junto da âncora dorme o silêncio.

Cada pergunta é uma busca da inaugurar - se ao outro ou inaugurar outro, porque ser em si é um silêncio à deriva.

          Imagem: Zona Diversa MX


Definir é traçar uma fronteira inexistente ao imediato da experiência de sentir algo, fronteira que é necessária aos limites da escrita em descrever o que foi sentido, percebido.

E talvez minha esperança seja que o século XXII devolva à razão e ao bom senso uma suspeita sobre a ciência como dogma da verdade... a ciência não é sobre a verdade, a ciência no máximo é sobre os modos metódicos de agir... então quando há dúvida na ciência não deveríamos nos referirmos às possibilidades como religiosos, mas aceitarmos a dúvida e desconhecimento de um método que seja útil à ação.

Sem demonstrar concordância com este caso específico lembro das críticas de Tesla à Relatividade de Einstein... Tesla se incomodou ao ver a ciência dispensar provas laboratóriais e caminhar em direção à retórica, à verdade a partir de um discurso simétrico, elegante e convicente... Tesla viu nesse caminho uma degeneração da essência daquilo que considerava ciência e que talvez para ele estivesse ligado à prova laboratorial e à utilidade no agir.

quarta-feira, 1 de março de 2017


Sem saber que era árvore vi amarelar até cair se perguntarem o que eram cada folha...

Sem saber que era árvore cada fino galho sentia - se sozinho arrestado pelo vento...

Sem saber que era árvore o tronco desconcertado pelo tempo se achava feio...

Sem saber que era árvore a raíz mal entendia a razão de não ser vista...

As reticências alcançariam em crescente ou descrecente todo o em torno, porque a vida nunca foi uma causa singular... a vida é sempre uma ocorrência no plural entre todos os viventes.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017


Eu espero que o amor te alcance no acolhimento de um abraço,
E como quem nunca partiu ainda sim seja sempre bem-vindo,
Para que todo horizonte seja um motivo ao fôlego e ninho de sonhos.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017




Às vezes eu penso que viver é como que dever ao tempo uma 'estória'. E então ser é qualquer coisa que apesar disso nos pareça escolha.

Sobro-me às margens dos meus sonhos e de outros. Faz tempo que venho colorindo de modo que ultrapasse as linhas. Nada de originalidade, foi que perdi a coordenação das mãos e deixei de acertar vontades de outros ou minhas, tenho sido acidental. Então me calo por respeito à duvida que também é alheia.

O verdadeiro perdão é uma condição surgida de se perceber igualmente terminal e sem causa inerente. Viver é um acontecimento como que acidental aos olhos dos viventes. No entanto pulso de vida buscando significado enquanto houver quem sinta.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017



Perguntas que me faço...

Por que só prevalece sobre outras versões divinas um deus pacífico entre os povos que já não dependem de vitórias em uma guerra?

Por que só há julgamento moral, filosófico e escatológico sobre suicídio e eutanásia entre povos que praticaram a escravidão?

Não pensem que com isso eu abandono a possibilidade de uma metafísica, mas eu incluo qualquer metafísica aos interesses da consciência coletiva. Então, a 'mágica' não é pré-existente ao 'mágico' ou 'à cartola' ou 'à necessidade real' da platéia. A 'mágica' deixa o lugar de uma outra condição extra para ter o lugar contemporâneo na experiência de existirmos; observe: ainda assim terá efeito real e nos parecerá 'mágica'.

É curioso que 'a mente' que instaura o 'estatuto da verdade' a partir das suas impressões em estruturas lógicas, não se perceba como uma parte da verdade manifesta. Algo semelhante a dizer que o melhor da ciência em cada tempo são frações de segundos descritas por alguém ininterruptamente em frente ao espelho, mas que ainda não percebeu os detalhes no descrever ou na condição continua de quem percebe como interferentes no que descreve como verdade. Conforto, a ciência nunca foi sobre a verdade, a ciência diz respeito ao utilitarismo, ao potencial que temos sobre agir; nunca confunda as pessoas.

Sobre 'a mágica', 'o mágico', 'a cartola' e 'o coelho', sobre qualquer realidade mensurável ou vivencial tem que caber a mente como parte real da existência e não só as medidas que a mente é capaz de realizar a partir de seus órgãos dos sentidos.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017


Sobre alguma beleza em nascer em uma cidade rural... tínhamos mulheres dedicadas às mulheres gestantes, então assim que a criança nascia uma senhora mais velha e experiente tratava de 'curar o umbigo' do nenem... precisava ficar perfeito e sem nenhum excesso, depois de solto o resto de cordão umbilical virava relíquia familiar e um conjunto de moedas, coladas sobrepostas, assegurava que o umbigo se desenvolvesse como baixo relevo, era o senso estético daquelas velhas senhoras por muitos séculos... então a relíquia,  a sobra de cordão umbilical, poderia ter dois destinos nobres: ser guardada por gerações ou a mãe deveria plantar embaixo de uma roseira.  O grande risco era deixar a sobra de 'umbigo curado' à merce de um rato ou outro bicho que pudesse capturar e comer... e assim as mulheres desenhavam os destinos dos seus descentes em seus imaginários... se capturado e comido o destino seria pouco venturoso - por exemplo, se o umbigo fosse comido por um rato a criança seria um ladrão -, mas as roseiras eram sempre esperança de gente plantada e a vida futura florindo. 

Minha mãe não me plantou, me vi algumas vezes ao longo da vida naquela parte inicial - meu resto de cordão umbilical - estou perdido e às vezes se me procurar me encontro, por fim ganhei uma condição de constante mistério original e transitoriedade. 

Por qualquer razão me lembrei de mim agora.

sábado, 4 de fevereiro de 2017


Ser não é condição literária.

Lá estava a coisa sem medidas descritivas adequadas, porque sentido é no agora e depois é esforço por comunicar.

Eu meço, mas como quem traça a partir das medidas exatas qualquer poesia. Durmo e acordo desacreditando, porque o porém entre nós inaugura um outro e a humildade.

Nunca existiu um eu que só fosse eu sem um ti que me desse uma medida ao sabor da ocasião,  quem somos? Ser só tem possibilidade no plural.

 Sim, toda é qualquer coisa que me justifique é uma percepção para além de mim.

Por fim, haja visto, entre nós que somos nós navegamos pacíficos e amorosos.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017



De tão pouca importância entre nós nem mesmo coube um apesar, por isso se um dia formos não terá a ver com qualquer coisa senão por acidente.

Nenhuma luz alcança olhos fechados, então se apesar disso ama, faça música.

À luz do sol é bela a árvore florida.

Bela à luz.
Bela florida.
Bela árvore.
Bela aos olhos.

Entende os poetas?
A beleza tem um sentido de harmonia, as coisas precisam conjuntamente colaborarem. Ou nem risos ou nem lágrimas.

Por fim, a beleza não é uma condição da coisa que dizem bela, mas algo que ocorre mediante a condições favoráveis à coisa admirada.

- Vai-te à merda... Dizem em mais justo som os que amam.

Sobre isso não me culpem, são exceções os que continuam contemplando o que era margem oposta depois de atravessarem a ponte.
Entende. Se mesmo depois de você ser toda a imagem em meus olhos, ainda assim você ver beleza em mim, isso é uma exceção.

 


domingo, 29 de janeiro de 2017


De alto a baixo se foi o último sol de hoje. E ainda que amanhã amanheça hoje fica assim, sendo.

Eu te negaria, mas irrita essa constância em ver pelo lado errado tudo de certo que me acontece.

Vou. Voo.
Vou sim, olhar através dos olhos de quem espera à beira de abismos, porque é no fim que somos essência.

Cristalizados amores esperam olhares e sorrisos adequados à colheita.

Vê aquela esquina?
Então, logo depois dela pra todos nós que não vemos continuação é possibilidade.

Eu te colheria se fosse capaz de te plantar de novo.

Me perdoe.


quarta-feira, 25 de janeiro de 2017


E sempre termina onde nunca começa.

Então, só você responde a pergunta que eu nunca fiz.

Estamos calados, nem mesmo olhos se encontram. E apesar disso nos enxergamos.

Coisa qualquer acontece aos que nunca acontecerão e talvez, por piedade, o tempo aceita o pensamento como termos sido.

- Vai-te embora daqui o moléstia d'alma.
Nem quiseram nos deixar merecer qualquer tempo.



Antes de se perceberem sendo, todos eram.
Antes de verem a estrada, todos caminhavam.

Sem nenhuma missão ou defesa de uma missão, existia amor e quase nenhuma ansiedade ou frustração em cumprir qualquer missão inventada.

E até no que parecia repugnante pântano um lotus florescia enfim.

A percepção anterior às idéias: e nenhuma outra coisa pode ser originalmente a mente.
Lá o esplendor da verdade.

Contradiction something related to feelings serves very little in a world that is done because it is never completed.

Good luck, for us who we are today ours yesterday sighting tomorrow.

And the now is here eternal, so without measure that a description fits, if we were whole in every less time, place and feeling.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017



APEX in Chile

Inevitável que a gente se encontre e mesmo se nos procurassemos em curvas, introspectivas ou externas, lá estaremos nós em busca.

- Menino, rema... porque viver não é sobre a força de teus braços ou encontrar a ilha perdida... Menino, viver é sinônimo de continuidade.

Nunca estivemos em dúvida ou perdidos por um paradoxo que não fosse criado por nós mesmos... por isso rema, apesar dos encontros e desencontros.

Dorme como em oceano toda sabedoria enquanto só pescamos sobre o que perguntamos.

- Menino, rema... ser é sempre continuar além das ilhas, peixes e continentes... olha de trás à frente tua vida e percebe que do ser - enquanto o ser é - desde sempre só existe o 'estar sendo'... e então, menino, rema.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017



Às vezes penso que entre todas as condições de ser a humana é a mais desprezível apesar de todas as controvérsias... então como que somente por exame os outros seres nos olham, examinam e nos incluem à natureza em uma próxima vida, nos tornando de uma outra espécie não embrionária como é a espécie humana.

Às vezes eu olho em torno e penso: aquele canário amarelo está olhando para mim e descobrindo se eu mereço a Terra tanto quanto ele certamente merece.  Procuro agir honestamente para evitar precipitação na minha ascensão à condição de existência superior...

domingo, 15 de janeiro de 2017


Escrevo inutilidades.

E o tempo despreza o que eu sinto sem excluir do sentir qualquer um dos meus sentidos.

Resto - me.

E hoje de novo amanheço um pouco ontem com uma esperança igual sobre o melhor para amanhã.

Antes de todo desespero alguma coisa que ama me alcança: pássaro, flor, sorriso, sol, ar,  insetos, abraço...

A dor não é ter fim é a continuidade e cogitar um fim.

- Amor, teu sorriso amanhece antes do sol e você nem sabe, escondemos mutuamente o quanto.

Aquela parte é mar e aquela outra parte é terra, ser é o ponto de intercessão e as histórias são  ondas.

Não afogo em mim e nem me resgato, naufrágio inconclusivo.

Oceano.

E quando muito lá estou eu no farol descrevendo minhas condições de terra, mar e ondas.

Ah, sobre você... não há algo que esteja sobre você.

Luz no farol para além de todo meu egoísmo.

Só estou completo se você me alcança, porque então fico tênue e nos tornamos ao acaso algo como a brisa das ondas contra o farol: indescritíveis e finitos, somos filhos únicos da maior intesidade .

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017



Vírgula

O tempo consome tudo e talvez invariavelmente tudo o tempo irá consumir. Mas sem exceção o mínimo símbolo, peça, história ou ideia do passado que sobreviveu um pouco mais ao tempo teve como causa de sobrevivência um amor que o edificasse, conservasse ou resgatasse.

Não sejam cômodos, o amor é a única coisa nossa que existe.
Pequeno entreato

E viver intensamente tem a ver com os detalhes para mim. É como se todas as ideias saíssem da cabeça e então ficar contemplando elas do lado de fora, olhando como se o que restasse em mim para olhar fosse um vazio confortável. E tudo parece suficiente: as mais agradáveis ideias do lado de fora admiradas pelo vazio contemplativo dentro.

terça-feira, 10 de janeiro de 2017


Sobre mim recai o tempo marcando - me.
Ele é vão: entre os sentidos interposto como medida.
Ele me fez vão?

Vago em teus olhos. Vagam os meus olhos enquanto vazios.

Mergulho sempre na esperança de hoje, mas amanheço amanhã e insisto apesar disso.

Não sou um rejeito de tempo, mas será o tempo como condição de medir - se a partir do desejo sobre si?

Existir você é a contraparte não solitária.

Existir você como amor verdadeiro é essencielizar um conceito e é ver razão entre as primeiras ideias:
- Porque se não houver razão no amor, o que dizer sobre os conceitos mais recentes da inventividade humana?

Por estilo eu diria três vezes não sem nenhum sentido, antes que antecedendo ao sentido o sentir se fizesse maior por natureza.

Porém amor é coincidência harmoniosa e os relatos talvez sejam esforços descritivos, enquanto o desespero dos incrédulos - me incluo - não é não ter existido a coincidência harmoniosa do amor, mas desconhecer a razão de ter estado ausente dela.

E sozinho é sempre um fim em si mesmo.

domingo, 8 de janeiro de 2017



Então a natureza continua com o nome mais óbvio para que todos a chamem.

- Amor, quanta falta me faz desde que partiu na terça - feira ou qualquer outro dia da semana.

Pretensioso é somar só em números enquanto a vida é pulso. Por isso me dê uma unidade, mas no mínimo que tenha ritmo, talvez melodia.

Atravessei os continentes com os olhos em um mapa mundi sobre a mesa pensando quantos são e quantos sentem?

Açúcar ou adoçante antecendem as respostas mais sinceras.

Hoje é sobre nós e o que sentimos sobre e entre nós, enfim como foram todos os outros dias.

Eu me acho meigo, entretanto a condição de ser bastante é uma pergunta silenciosa que faço sobre mim ao outro.

E há mesmo conforto quando nos tornamos silêncio, talvez.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017


So delicate the smallest horizon perched on the water.

Under the caution of the great horizon. Do they see each other?

And calm keeps company with version creators. Because even beauty is a measure of patience to be seen.

So so close.

When the pool saw the ocean.


quinta-feira, 5 de janeiro de 2017


Por que deixa cada sonho incompleto à fronteira entre realidade e delírio? 

Senão para que te chamem paixão.

Eu vi teus olhos debruçados sobre alguma coisa incerta e achei que eu pudesse ser um destino ou esclarecimento. 

Mas era duplamente vão. 
Teus olhos mergulham em abismo, tão úteis como clarabóias desafogando as almas nos prédios.

- Eu quase não sei como me mexer quando te vejo.

Talvez só eu seja impermanente. 

Enquanto você continua chegando a tantos outros lugares eu fico em adeus ou aceno calado, porque você só partiu em uma parte.

Ao que nos causa amar:

- Por que recolhe tão jovens os que te quiseram?
- Planta a tempo os que te quiseram colher?

À contradição:

- E se fosse diferente? 
- Se acaso uma única vez fosse o horizonte olhando para mim?

Sobre ensaio da hipótese:

Eu pediria calma ao horizonte e eu diria:
Se ao mar, vou construir barco.
Em terra, entre nós é o tempo.

E o tempo é sempre favorável, enfim foi o tempo que nos fez para ambos agora.

Entre nós medimos a distância exata do quanto nos desejamos e chegar é fácil diante disso.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017



Todos os deuses nos aguardam à deriva.

Indiferente ao significado ou à credulidade,
a cada época e no máximo todos diferentes: sentidos, potências, deuses ou evidências são estimativas e tempos sobre naufragar em vão.

O horizonte ainda é um fim em nós, apesar de toda circunferência que inventamos para nos esquivar.

Por isso, me alcance tuas mãos e não porque sirvam ao impedimento da nossa condição de ir, mas porque significou termos sido. Último ato de solidariedade.

E se o tempo me tira tudo por um lado, por outro me devolve o mistério dos deuses que me querem à deriva: sendo, pensando ou sentindo.

Quem sabe até descobrirmos que o porto somos nós e que talvez algo como âncora durma no abraço dedicado às velas cansadas ou descobridoras da condição de terem sido só barco.