domingo, 13 de agosto de 2017


Com o meu pai eu aprendi o silêncio e a força da inação operante.  Meu pai fala em raras ocasiões e quase sempre está fazendo algo útil, porém sem nenhuma reação desmedida ou caprichosa como modo de resposta ao que está em volta.

Eu demorei muito para começar aprender com meu pai, passei muito tempo dedicado às lições da minha mãe que fala até sozinha e de reações energéticas, apaixonadas. Então, depois de entender a parte que transborda da relação com o mundo ensinada pela minha mãe, eu fui e estou dedicado à força do não dito, da não reação aos humores do contexto e da ação imediatamente útil.

Inabalável, incólume, certeiro, silencioso... útil.

terça-feira, 8 de agosto de 2017


Faço a escolha de três medidas e nenhuma delas serve como totalidade à uma descrição da experiência de ser, mas todas são úteis:

Não sou eu,
Não é o outro,
Não é o intermédio.

Ser é a ficção mais real.

A noite me toma no colo e me faz viver como durante o dia, enquanto o dia é puro sonho; acredita?

Às vezes por paixão e outras por distração.

Sem horizonte o ser é medida infinita de si mesmo e se avista incontáveis vezes contínuas.

Das três partes seccionadas de mim eu me sirvo para mim. Canibal. Eu como o ontem, o hoje ou o amanhã ao sabor do tempo.

E eu sou inteiro antes da ideia ou descrição.

- Pássaros miúdos me assustam ou encantam, mas eu aconteço imediato diante deles.