sexta-feira, 29 de julho de 2016




Entre todas as curvas só não me tomaram as letras.

E dessa massa leve e vazia nascida da ausência eu imagino.

Do que não houve existiu algo entre nós?



Parte daqui a terça parte de tudo que encerra.

Porque ficam dois em dois terços sempre continua.

E sem ter medida a vida calcula e soma a existência.



Eu não acertei e por isso permaneci no porto.

E tantas vezes, enquanto outros foram.

Entre nós intermediário foi adeus.



Vaga eu em teu peito continente e geográfico.

Até eu sei de mim ter sido a cratera, mundo.

Então, te cobro ou te culpo por tanta falta?



Te endereço amores: terra, flores, pássaros, cães, gatos.

Além das quinas, vez ou outra vejo horizontes ou mar de morros.

Mas pouco no mundo se dá tanto quanto o próprio mundo.


                                    Imagem: Zona Diversa MX

segunda-feira, 25 de julho de 2016




Que resposta escandaliza mais que a aparente? 
E como se por ser justa e dispensar defesa da razão, escolho buscar qualquer outra possibilidade que me incite o diálogo interno.

Até estando sozinho caminho em dois: eu na paisagem e eu em pensamentos que me contam para mim.

Às vezes me pergunto sobre o primeiro humano e sua primeira sensação de insuficiência, porque neste dia a primeira resposta sobre nós humanos disfarçou-se como a primeira dúvida e desde então viemos nos inventando.

- Não deverá colocar sobre a mesa esse cálice? Todos enxergam e dão substância a invenção coletiva em toda frase, mas quantos percebem nas frases existência verdadeira nossa e sobre o que somos?

Se eu te fizer navegar quero te levar a perceber que somos verdades autorais.


                      Imagem: in Original Mouvement.

sexta-feira, 15 de julho de 2016



Se a sua verdade para se manifestar é como parte,
sem ser inteira, tua verdade é dependente de algo
e nasceu potência incompleta,
por que acusar de crime o todo,
se quem te autoriza é só uma parte?

Sem medo frente a todos os deuses e demônios,
louco sai inteiro e em imaginação minha.

E por ser tempo amar a todos é condição inerente a ser,
mas o que eu fizer fala só de mim nesse tempo e nada mais.

Não macule minha loucura com suas incertezas ao sabor do carnaval, também sei usar e dar nome às diferentes máscaras.

Porque no fim teremos que nos haver com os nomes e seres que acreditamos, liberta-te hoje amanhã?


Quantos nomes ainda me faltam te chamar
para essa coisa fria que te ocorre se torne sangue?

Mais de mim que eu mesmo,
você vive submerso onde deveria estar só eu.

Então, você se move indiferente ao que eu imagino
e desse fracasso não encerro, imagino novo capítulo.

À beira de mim tem um poço
e à superfície de você um espelho,
nós somos o vão e o tempo é água,
todos os dias eu choro pedido que chova.



                       Imagem: "El homoerotismo de Matthew Zink.",
                       in: Zona Diversa MX


segunda-feira, 11 de julho de 2016


 

Comigo namora a inexistência 
e a cada passo de ser um novo fato retrocede.

De tanto espaço que nos sobra 
nada falta das poucas coisas que nos completa.

Um: "- Adeus", serve como abraço e beijo,
de um: " - Até logo", que levaria uma noite inteira para se completar.

Deste ponto em que nunca fomos seguimos imaginando
e o tamanho imaginado seria um desafio às narrativas da vida.

E teu calor para mim tem sido o calor que você me provoca.


                 Imagem:"El arte de Cédric Rouillat." in Zona Diversa MX

domingo, 10 de julho de 2016




Unilateral dialogue

Chris said: - Sometimes I feel like I'm in a game...

Og said: - I have a similar feeling. Sometimes I think we have one big mission in life, no matter the paths and characteristics of each different method, basically we are tamers heart.


                      Imagem: Chris Mears



sábado, 9 de julho de 2016




Das abstrações constitutivas sobre a terra à terra:

Da terra à raiz,
Da raiz ao caule, 
Do caule à flor, 
Da flor às pétalas, 
Das pétalas ao pólen, 
Do pólen às abelhas, 
Das abelhas ao mel, 
Do mel ao humano, 
Do humano à boca, 
Da boca à palavra.

Ciclo sem começo ou fim,
inerente à condição de ser simultâneo: 
coisa e atribuído à coisa.

- Assim viaja a alma,
íntima de todos sem que ninguém a reconheça.

Do bruto ao sutil 
e do sutil ao bruto, 
sem qualidade própria 
além de ser movimento.

A mente é observar.

                                Imagem: Simon Woolf




Porque não quis ser meu segredo sou obrigado a me declarar.

- Vê esta outra margem abaixo da minha pele?

Nela dormem antes do seu toque: variações de pulso e respiração,
juntas de um catálogo de atribuir significados.

Eu voltei, por necessidade, me deixar assombrar pelo seu nome.

- Percebe?

O tempo é uma causa fria 
sem o que cause calor ao considerá-lo.

E a fronteira do fim está anexa à ideia de amanhã,
disso uma multidão sobrevive porque acredita no: se.
Se você me ler, se eu te fizer carinho nas ideias, se tua mão se move para alcançar minha pele, eu abrirei meu catálogo de significados ou inventarei outras palavras para as variações de pulso e de respiração que você irá causar. E nos faremos caloroso abrigo, para que o espaço toque no tempo. Enfim, nós dois seremos o clímax do amor entre duas dimensões.

                             Imagem: na foto está Cauã Reymond.