sexta-feira, 10 de junho de 2011


Talvez a dedicação à contemplação da mente possa proporcionar ao indivíduo insights que revelem algo sobre sua natureza mais primitiva.  E mesmo que a meu ver não seja o propósito, ou algo de grande relevância, talvez possa o indivíduo identificar os construtos de sua própria mente e relacioná-los ao habitat no qual se insere, assim criaria por experimentação sua percepção de uma cosmogonia particular.
Por experiência própria, quando digo Eu percebo o limite de minha consciência em considerar-me fruto de tudo que me antecede e é contemporâneo a mim.  A extensão do Eu é inestimável.

Um menino passeando plenos charcos encontra uma senhora e diz:
- O que está fazendo?
A senhora levanta e responde que está semeado arroz.
O menino insiste:
- Por quê?
Sorrindo a senhora diz que precisa comer e acrescenta que sua família sempre plantou arroz.
O menino fica intrigado com a escolha da senhora em plantar arroz, tendo tantas batatas selvagens disponíveis ao redor da lavoura e pergunta:
- E todas as batatas que naturalmente nascem aqui, o que faz com elas?
Já irritada a senhora repreende o menino dizendo que só tolos pensariam em se alimentar daquelas batatas, afinal ninguém se alimenta delas, só servem aos porcos presos e sem escolha do que comer.
O menino desculpa-se com a senhora por mudar o humor dela naquele momento e deseja uma boa colheita de arroz.

Og Esteves

segunda-feira, 6 de junho de 2011


  
Se ignorasse qualquer outro significado o som me mostraria o óbvio: esteja feliz, sereno e pacífico.   E sinceramente me importa muito mais o sentido do que o significado. Tenho uma coleção de significados em enormes dicionários na minha estante, e quando busco a palavra amor no dicionário ela nunca faz sentido, de imediato só me traz significado, o sentido percebo eu.  E outra, os melhores momentos da minha vida foram compartilhar sentidos sem nenhum significado, eis a mágica pra mim.

Og Esteves

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Carta a Peter Pan – das condições.



Sempre te esperei Peter Pan, mas desse lado só o Tic-Tac vence. Então, se decidisse vir agora teria que me esperar também. Preciso aguar as plantas, alimentar meu gato antes de sair de casa; nem pense em ir sem que eu possa me despedir dos meus pais, a idade deles avança e talvez nunca mais pudesse vê-los; tenho amigos espalhados por muitos cantos e conto com pó de fada para as viagens, não ouse recusar isto a um cidadão do terceiro mundo; alguns amigos estão mortos e sinto saudades, mas esta é a parte em que ressinto por não ter feito nada por mim ou por eles antes que acontecesse; pra não me alongar mais, lembro que precisa marcar com antecedência meu resgate, o tempo passou e agora só a mesa de cirurgia plástica pode evitar que os garotos perdidos me excluam do grupo.

Grato.

Og Esteves.