terça-feira, 30 de junho de 2015

  

   Eu teria visto bem menos sem os olhos alheios, e assim por diante a cada sentido... sentimento de espécie tem a ver com estender-se para além de si: importar-se, interessante pensar que grande parte de mim é importação, estava antes em outro... também por isso me comove a compaixão e me apavora a brutalidade; neste ponto nem mesmo as reticências resolvem porque é o inconcluso ontológico.



               Imagem: Facebook, em "Adore Noir Magazine", de Michele Ciriali.


   Então arrasta meu olhar e sólida te fazem margem todas as perguntas. Me diz: - Quem são os outros que abarrotados de formas e cores só coube a eles serem dúvidas, mistérios e histórias imagináveis em torno das raízes de seus passos centrais?

   Você permaneceu dia enquanto tudo virou noite e seguiu incólume.


                 Imagem: encontrada no perfil de Facebook de Gloria F Perez

domingo, 21 de junho de 2015









Aos seus pés de lótus, de todos os gurus, budas, bodhisattivas, lamas, Ydans, Dakinis e seres auxiliares no corpo uno da reconciliação eu me prostro.

Fonte Vajrayana, fonte adamantina, ainda que todos os deuses e seres se voltassem contra ti embotando seu brilho com os ventos dos desejos isso seria efeito temporário sobre o estandarte da eternidade: vazio.

OM MUNI MUNI MAHA-MUNI SHAKYA-MUNI
TADYATHA OM GATE GATE PARA-GATE PARA-SAM-GATE BODHI SVA-HA


POLÍCIAS SUBSTITUEM FORÇA BRUTA POR LIVROS DE COLORIR


    E se um gênio te revelasse que após a morte sua vida volta ao seu nascimento, e você vivesse tudo outra vez em uma repetição eterna. É algo semelhante a isso que Nietzsche metaforiza em Zaratustra sobre a história social - "eterno retorno" -; eu faria uma proposição semelhante, porém diversa: existe proporção entre ação e reação, simplificando muito: causa e efeito são complementares. Pensar nesses termos talvez possa parecer restringir a contornos matemáticos as experiências sociais, por outro lado também é limite justificar incompreensão sublinhando aspectos aleatórios da experiência social.


    A questão é se houver aplicabilidade social nesta metáfora de Nietzsche, mais que isso, se houver possibilidade de uma ótica exata sobre relações sociais, dedicar-se ao entendimento da Cultura em seus aspectos históricos pode servir como meio de antever mudanças na sociedade.


    A experiência social em meio aos avanços nas comunicações e no acesso ao conhecimento torna difícil a tarefa de perceber as evoluções da Cultura, também porque esses fatores contribuem para que os modos de simbolizar tornem-se mais diversos. No entanto cabe perguntar: existem "modus operandis" sociais que sejam, digamos, persistentes atrás dessas variadas simbolizações culturais? Como considerar a Moda neste tempo, ante essas proposições de sociologia exata, sem perder-se em seus aspectos intrínsecos de transformação acelerada à serviço do capital? Esses e outros fatores tornam questionáveis o empreendimento por uma sociologia exata como a proponho aqui - a partir da observação dos arquivos da Cultura da humanidade -, contudo, a intenção é o erro, a intenção é evitar que ocorra, por essa razão melhor será ser pouco eficiente esse texto sendo ele muito eficaz.


    Se eu reduzo a conceitos químicos minhas observações sobre a sociedade e Cultura atual, buscando essencialidade, posso inferir que - levado a crer pela aceleração das transformações na Cultura - estamos caminhando rapidamente para uma homeostase social. Presta atenção, eu não sei o que isso significa em termos sociais - ainda que a História da Humanidade nos sirva com alguns exemplos -, mas estou antevendo um ajuste social para regular os extremos.


    O desqualificado em termos acadêmicos Sigmund Freud, o pobre médico alemão que dedicou-se a uma causa arriscando sua reputação e deixando de ganhar dinheiro, escreveu "Mal-estar na Civilização e Futuro de uma Ilusão", nestes textos o médico charlatão, o bruxo Sigmund Freud faz relações macros com seus conceitos da clínica psicanalítica, ele aplica à sociedade sua teoria enfatizando o "recalque', a repressão, e as reações correlacionadas. Esse questionável delinquente da medicina e da ortodoxia acadêmica do século passado, tão irrelevante quanto seus críticos, mas diferente desses cindindo a história, chegou a conclusão derradeira que, na minha leitura pessoal: o Totem seria novamente derrubado à medida que as instituições totêmicas, que exercem a força a partir do símbolo: Estado, Religião, etc, fossem desacreditadas também porque fraqueja o símbolo que evoca a força. Tudo bem, então depois disso uma nave interestelar irá sobrevoar toda a Terra projetando lindos arco-íris enquanto distribui doces às crianças incivilizadas, se esse for seu "The End" ou "To be continued" como expectativa: esqueça. O que provavelmente acontecerá é lembrar às crianças que o Totem era só o símbolo e que a força instituiu a civilização e estabeleceu os contratos sociais. Por exemplo, eu considero Roma um império bem realizado, hoje olhamos com amor para o crucifixo, seus líderes são amáveis, mas o crucifixo na antiguidade era um símbolo da gentileza romana com todos que se oponham ao seu governo - também usaram leões ou você acha que esses leões em frente as casarios antigos são por charme? Eu não inventei isso, nós inventamos isso, nós inventamos a sociedade a partir da violência organizada e estabelecemos contratos para manutenção dessa sociedade. Nisso mora o perigo na atualidade, por exemplo no Brasil, a grande população foi alfabetizada e hoje convivemos entre intelectuais, esses 'doutos' alcançaram o vislumbre de entenderem ser a sociedade em essência uma abstração coletivizada por símbolos, insubstancial, assim sendo seus contratos podem ser desrespeitados sem risco imediato para o infrator, o símbolo não tem força por si, então: furamos fila, damos carteirada, desrespeitamos direitos fundamentais do cidadão nas relações políticas, relativas à polis ( cidade ), desrespeitamos o fundamental do direito do consumidor, vamos agindo de forma conveniente e perversa entre nós com o cinismo próprio de grandes intelectuais que como disse: alcançaram o vislumbre de ser a sociedade estabelecida por símbolos sem força por si. A questão é que foi a violência organizada que estabeleceu o símbolo e de fato, o símbolo não tem força, ele evoca a força, faz lembrar, por isso quando o símbolos que estabelecem a Ordem perdem sentido - como as naves interestelares estão ocupadas abduzindo gado para projetarem arco-íris e distribuírem doces aos incivilizados e, agora, cínicos -, a reação social imediata e original - que deu nascimento a todas as sociedades primitivas - é o uso de violência para reestabelecer a Ordem Social.


    Também por essas razões eu sou essencialmente um Anarquista, mas isso não me torna um idiota inconsequente a ponto de ignorar como funcionam as coisas, porque elas funcionam a despeito das minhas opiniões pessoais e preferências.


    Então amiguinhos, se você é de direita; esquerda; centroavante; se prefere picles à strogonoff - para os saudosos da Guerra Fria -; se você tornou-se um 'dadaísta' por osmose depois de ouvir o nome de Marcel Duchamp, passando a banalizar todos os elementos da cultura; se você tornou-se um hipster porque é bonitinho e acha que hippie é um jeito de se vestir; se você tornou-se anarquista por conta daquele "A" todo estiloso e acha que ser a anarquista é fazer bagunça e sem ter medo da mamãe; tudo bem, mas faça um favor à paz no mundo: - Faça xixi no piniquinho. Entende, vamos bagunçar, mas tudo bem se cumprirmos os contratos sociais elementares?

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Tem muita gente avisando e outros tantos pensando assim:

https://www.youtube.com/watch?v=44KU8lzluJ0

quarta-feira, 17 de junho de 2015

    Germino em todas as direções: raiz, tronco, galhos, flores e frutos. Enquanto vario substratos devolvo a parte inversa faltante à cada parte: aos ares entrego os sólidos e dos sólidos troco seus ares... liquefaço-me em intermédio.  Respira-me em parte.  Degusta-me em parte.  Devolve-me parte. Sou a memória visível da unidade e te faço lembrar sermos todos pontes.


Traduziu para mim um gavião em segredo o depoimento de uma árvore, enquanto olhava do alto tanta falta que nós humanos plantamos.


                                         Tree eggs! Tom Raven @ Flickr
  

quinta-feira, 11 de junho de 2015

   Globo Terrestre - Geopolítica


   Hoje estive pensando o quanto sai caro ao Estado, à civilização... sustentar os ideais autoritários ou invés de exercer autoridade, custa-nos muito caro sobrepujar a razão encobrindo a verdade mais imediata com discursos. Ora veja só alguns exemplos: poligamia, uso privado de drogas, prostituição, jogo de azar... todas essas escolhas podem coexistir em consonância com a ordem social. E nosso conhecimento sobre outros povos testemunham em favor disso, além do exame imediato de nossa razão quando não embotada pelo discurso. No entanto, apesar de estarmos no segundo milênio Depois do Roma ( D.R.), Século XXI e conhecermos bastante outros modos de civilizar, de termos mais evidências culturais globais favoráveis aos Céticos Gregos, que ao discurso moral da verdade, evocado por 'tiranos' e hipócritas como modo de angariar carisma e manipular povos pelo medo. Ainda sim, homens e mulheres inteligentes - quando não ignorantes nesse aspecto -, se não servem diretamente à manipulação grosseira, são coniventes por: convenção, medo, desleixo ou autoengano por comodismo ou retórica. Então o mundo vai sendo construído pelos espertalhões servidos de uma manada de idiotas, teria como ser um empreendimento, um processo civilizatório, bem sucedido?


    Pena que também Herbert Spencer em parte tem razão ao ver algo de orgânico, de biológico, de organismo na sociedade humana e também por isso participante imediata do 'bios' maior, do ecossistema desse planeta. É quando um inestimável número de outros seres estão sujeitos aos fracassos resultantes de nossa corrupção - coração rompido - e ignorância aplicada ao processo de interação entre nós, que chamamos sociedade, civilização.


    Entre inteligentes, espertalhões e ignorantes fizemos a escolha pelo autoritarismo ao invés da autoridade: estabelecemos regras, leis dissonantes da razão e insistimos em sermos bem sucedidos. Exercemos conscientes ou inconscientes autoritarismo social ao invés de autoridade baseada na razão, resguardada por uma 'epistemologia do imediato', que nos livraria da retórica corruptora dos discursos autoritários.



                                   Imagem: Facebook, Quebrando Tabu.
 

terça-feira, 9 de junho de 2015



 ' Animais ' ainda não ocuparam essa região por isso convivem bem os seres.

 
   Imagem: créditos na própria.

   O que me encanta são os contrastes. Eu sou um homem de gosto por esses meio termos das imagens, dos gestos, dos movimentos, das ideias... o que se resolve em parte e em parte é dúvida, mas - sem mentir ou se omitir - segue adiante causando inveja nas certezas, enquanto vai exuberante em muitos reflexos que nunca correspondem à real imagem. Então, como se pudesse ser insulto, alguns gritam: - Caleidoscópio. Outros perguntam: - O que é? E a vida responde: - É brilho, é a natureza do que te faz gente. Por isso são verdadeiros, são o meio termo que escondemos porque confundimos sermos fortes com sermos resolutos, ai vivemos essa gravidade de como se existir fosse emergência e perdemos a beleza das curvas. E definitivamente, eu quero as curvas.


  Imagem: Facebook, Zona Diversa MX.
  Notre-Dame-des-Fleurs.
  

quinta-feira, 4 de junho de 2015


  
   E esse miolo feito em sentidos, sem sentido, causa e efeito, sem a menor hipótese e, mesmo assim, preexistindo até mesmo aos nomes, agora chamei: tempo.   Entre tantos outros tempos iguais fizeram inventar o tempo e entre um sentir e outro eles medem.   Exatos sem nenhuma precisão admiram o tempo ainda múltiplo depois de receber nomes e números dançar em cada qual de forma única.


   E esse tempo feito em sentidos, sem sentido, causa e efeito, sem a menor hipótese e, mesmo assim, preexistindo até mesmo aos nomes quis ser: vigília, pensamento, sono e sonho.   Só me deixa curioso existir solidão, se nunca desde então estive sozinho pelo menor tempo.


   - Apesar de tanto tempo ainda se confunde solidão com saudade.




  Imagem:"Joe Dallesandro", Kenn Duncan (1969).