domingo, 24 de julho de 2011


Em memória de Amy Winehouse.

A única coisa boa na morte dessa grande artista foi acompanhar o "coro dos vendidos", convictos em mediocridade, revogando razão sobre temas que nunca pesquisaram. E mais interessante é saber que os mesmos que a condenam pelo uso de drogas, compram aspirina, tomam cafezinho, bebem álcool com os amigos, fumam tabaco, tomam fluoxetina ao sinal de qualquer tristeza, benzodiazepínicos pra dormirem melhor, anfetamina pra emagrecer e adoram admirar corpos esculpidos por anabolizantes e/ou esteróides anabólicos. Viva a sociedade sem drogas.

Moral da história... se há problema é na dose e no controle de qualidade das mesmas, drogas todos usamos.

domingo, 17 de julho de 2011

Novela

  


   A revolta sempre foi meu maior motivo de expressão e por isso tratar com delicadeza qualquer tema torna estéril meu processo criativo. No entanto, alguns têm a habilidade necessária à construção do romance, esses são capazes de reapresentarem o drama humano por suas óticas particulares e envolverem seus leitores de modo transformador.
   Em nosso país, a novela é de extrema importância, a maior ferramenta política que temos. Contudo, caso fosse necessário apresentar argumentos favoráveis a essa afirmação - nenhum outro meio de expressão/comunicação se equivale em eficiência à telenovela na difusão de idéias -, eu recomendaria a todos observarem a grade de programação dos canais abertos no Brasil, as pesquisas de audiência e os produtos audiovisuais veiculados; todos gostam de estórias e a dramaturgia audiovisual é a grande linguagem do século XXI. E em nosso país, até o momento, é uma das competências da telenovela contar estórias formadoras do senso comum.
   Estando o Direito sujeito à Cultura, o legislativo me parece uma ficção comparado ao parlamento que se forma por ocasião de uma novela bem sucedida. Em nosso país, fatos históricos de mobilização pública, têm suas origens em estórias contadas por novelas brasileiras.  No entanto, por arroubo de pretensa intelectualidade – intelectual por citação, coletor de safra alheia – a classe média, vitimada pela busca de status intelectual, pode evitar falar sobre novelas em muitas ocasiões atualmente, mas sem muito esforço, percebe-se que os temas de seus discursos político-sociais foram fomentados por novelas – me incluo e acrescento: por fonte direta ou indireta a telenovela fomenta os discursos no Brasil. Também têm estrutura parecida com a da dramaturgia as matérias jornalísticas de maior repercussão em nosso país.
    Todo esse meu discurso é dispensável, se eu não apelar aos nossos grandes autores de telenovela, para que cada vez mais proponham temas transformadores da sociedade brasileira; sem ser panfletária a novela pode colocar em discussão temas polêmicos, que nosso legislativo se abstém discutir por receio das urnas, por sectarismo ou por incompetência; se ataco o legislativo é porque dos três poderes é o que mais admiro no Estado democrático, e no momento o que mais me causa revolta.  

Exercício da liberdade – volume único.


  
   Ao meu lado um gato.
  
  
   O risco por ser é enorme, então eu me acomodo entre o como me querem e o que eu seria.
   Eu sigo normas e são pouca as me põem em contato com outro, a maioria delas limitam o que eu seria pro outro, caso elas não fossem normas. 
   Me assusto sempre que me perguntam se sou sincero, fico pensando como seria se fossemos.
  
 
   Hoje eu acordei, fui pra cozinha preparar o café e me preocupar com a vida.   A vida naquele momento em que acordo - e coloco açúcar automaticamente no café - corresponde às tarefas dia.  Geralmente eu acordo sem o desejo de ser miss ou mister - tudo bem desde de que me amem -,  só pelas nove da manhã começo a forçar o sorriso e quando erro na medida tenho impressão que me acham hipócrita e presunçoso.  Tive que aprender a medida certa de hipocrisia.   Mas superação é uma máxima da cultura, fico feliz por ter superado tudo que ainda me causa tanta dor e seguir meu dia.   Enquanto adoço o café repasso precariamente as tarefas: preparar o café além do café; recolher as fezes do cachorro; trocar a água para o cachorro; colocar ração para o cachorro; sobrando tempo me encarrego do gato, os gatos já se encarregam de si mesmos.   E só no meio do percurso me recordo de aguar as plantas.   Estranho, mas é no vai-e-vem do dia-a-dia que as plantas se fazem lembrar por mim; aquele estado vegetativo da beleza me convida a agir.   Acho as plantas muito orgulhosas, elas secam sem pedir nada.   Mas não se preocupe, eu aprendi direitinho outra máxima da cultura: amo as plantas, os animais, os insetos e todos os reinos, o que inclui você.   Como todos, quero ser amado.  Não se preocupe tirando o fato de eu ser humano, é fácil me amar, só preciso de água e dispenso qualquer alimento, desenvolvi anorexia pra ser famoso.  Desculpe, a infância passou e me esqueci daquele ditado: seja prostituto, ser artista não dá dinheiro.

  
   Comecei dizendo: “Ao meu lado um gato” ( op. Cit. ).
   Ele é preto, de pêlo macio e insiste em ser anarquista.  
   Se eu te contar você não acredita, ele insiste em ser autêntico por mais que eu tente domesticá-lo.