segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017


Eu espero que o amor te alcance no acolhimento de um abraço,
E como quem nunca partiu ainda sim seja sempre bem-vindo,
Para que todo horizonte seja um motivo ao fôlego e ninho de sonhos.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017




Às vezes eu penso que viver é como que dever ao tempo uma 'estória'. E então ser é qualquer coisa que apesar disso nos pareça escolha.

Sobro-me às margens dos meus sonhos e de outros. Faz tempo que venho colorindo de modo que ultrapasse as linhas. Nada de originalidade, foi que perdi a coordenação das mãos e deixei de acertar vontades de outros ou minhas, tenho sido acidental. Então me calo por respeito à duvida que também é alheia.

O verdadeiro perdão é uma condição surgida de se perceber igualmente terminal e sem causa inerente. Viver é um acontecimento como que acidental aos olhos dos viventes. No entanto pulso de vida buscando significado enquanto houver quem sinta.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017



Perguntas que me faço...

Por que só prevalece sobre outras versões divinas um deus pacífico entre os povos que já não dependem de vitórias em uma guerra?

Por que só há julgamento moral, filosófico e escatológico sobre suicídio e eutanásia entre povos que praticaram a escravidão?

Não pensem que com isso eu abandono a possibilidade de uma metafísica, mas eu incluo qualquer metafísica aos interesses da consciência coletiva. Então, a 'mágica' não é pré-existente ao 'mágico' ou 'à cartola' ou 'à necessidade real' da platéia. A 'mágica' deixa o lugar de uma outra condição extra para ter o lugar contemporâneo na experiência de existirmos; observe: ainda assim terá efeito real e nos parecerá 'mágica'.

É curioso que 'a mente' que instaura o 'estatuto da verdade' a partir das suas impressões em estruturas lógicas, não se perceba como uma parte da verdade manifesta. Algo semelhante a dizer que o melhor da ciência em cada tempo são frações de segundos descritas por alguém ininterruptamente em frente ao espelho, mas que ainda não percebeu os detalhes no descrever ou na condição continua de quem percebe como interferentes no que descreve como verdade. Conforto, a ciência nunca foi sobre a verdade, a ciência diz respeito ao utilitarismo, ao potencial que temos sobre agir; nunca confunda as pessoas.

Sobre 'a mágica', 'o mágico', 'a cartola' e 'o coelho', sobre qualquer realidade mensurável ou vivencial tem que caber a mente como parte real da existência e não só as medidas que a mente é capaz de realizar a partir de seus órgãos dos sentidos.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017


Sobre alguma beleza em nascer em uma cidade rural... tínhamos mulheres dedicadas às mulheres gestantes, então assim que a criança nascia uma senhora mais velha e experiente tratava de 'curar o umbigo' do nenem... precisava ficar perfeito e sem nenhum excesso, depois de solto o resto de cordão umbilical virava relíquia familiar e um conjunto de moedas, coladas sobrepostas, assegurava que o umbigo se desenvolvesse como baixo relevo, era o senso estético daquelas velhas senhoras por muitos séculos... então a relíquia,  a sobra de cordão umbilical, poderia ter dois destinos nobres: ser guardada por gerações ou a mãe deveria plantar embaixo de uma roseira.  O grande risco era deixar a sobra de 'umbigo curado' à merce de um rato ou outro bicho que pudesse capturar e comer... e assim as mulheres desenhavam os destinos dos seus descentes em seus imaginários... se capturado e comido o destino seria pouco venturoso - por exemplo, se o umbigo fosse comido por um rato a criança seria um ladrão -, mas as roseiras eram sempre esperança de gente plantada e a vida futura florindo. 

Minha mãe não me plantou, me vi algumas vezes ao longo da vida naquela parte inicial - meu resto de cordão umbilical - estou perdido e às vezes se me procurar me encontro, por fim ganhei uma condição de constante mistério original e transitoriedade. 

Por qualquer razão me lembrei de mim agora.

sábado, 4 de fevereiro de 2017


Ser não é condição literária.

Lá estava a coisa sem medidas descritivas adequadas, porque sentido é no agora e depois é esforço por comunicar.

Eu meço, mas como quem traça a partir das medidas exatas qualquer poesia. Durmo e acordo desacreditando, porque o porém entre nós inaugura um outro e a humildade.

Nunca existiu um eu que só fosse eu sem um ti que me desse uma medida ao sabor da ocasião,  quem somos? Ser só tem possibilidade no plural.

 Sim, toda é qualquer coisa que me justifique é uma percepção para além de mim.

Por fim, haja visto, entre nós que somos nós navegamos pacíficos e amorosos.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017



De tão pouca importância entre nós nem mesmo coube um apesar, por isso se um dia formos não terá a ver com qualquer coisa senão por acidente.

Nenhuma luz alcança olhos fechados, então se apesar disso ama, faça música.

À luz do sol é bela a árvore florida.

Bela à luz.
Bela florida.
Bela árvore.
Bela aos olhos.

Entende os poetas?
A beleza tem um sentido de harmonia, as coisas precisam conjuntamente colaborarem. Ou nem risos ou nem lágrimas.

Por fim, a beleza não é uma condição da coisa que dizem bela, mas algo que ocorre mediante a condições favoráveis à coisa admirada.

- Vai-te à merda... Dizem em mais justo som os que amam.

Sobre isso não me culpem, são exceções os que continuam contemplando o que era margem oposta depois de atravessarem a ponte.
Entende. Se mesmo depois de você ser toda a imagem em meus olhos, ainda assim você ver beleza em mim, isso é uma exceção.