terça-feira, 30 de maio de 2017



À noite na estrada
eu sempre estive vazio e pensativo.

Algumas vezes criei raízes em todas as direções, então sempre que só existo em memórias volto a esses momentos.

A vida é egoísta e sobre si mesma, por isso inventamos tantas metafísicas.

Sabe o que me assusta em alguns animais amáveis? Quase nunca o momento é sobre eles... como se vivessem naturalmente amando.

Põe o copo à mesa como quem faz pausa e nesse segundo é inteiro.

Amor é uma dor que existe circular e central ao peito, pode se esvaziar de tempos em tempos num suspiro: passado, presente ou futuro.


                     Imagem: Rafał von Czakata





quinta-feira, 25 de maio de 2017


Via Láctea... mamíferos!

Apesar de tanto brilho amanhã o sol me faz nascer.

Naquela cortina que as roldanas ainda agarram só existo dormindo.

Ainda que lá se repitam tantos encontros aqui está o contraditório: acordado entre nós e às vezes desperto.

Sobre o beijo e toda intimidade talvez queremos guardar segredo, por isso nos impomos tanto sacrifício por amarmos.

Amor se paga com vida, mas alguns com a vida inteira de uma só vez.
Divagações 

terça-feira, 23 de maio de 2017



Apesar dos pensamentos o outono é caprichoso ao soprar as folhas de uma árvore e planta a alma no agora.

Você sorriu se escondendo enquanto atravessei a rua. Presto reverência à sua timidez como reverencio o deus ou deusa que emerge da tua alegria para os que te veem mais do que ao passar.

Eu não sei o nome da alma da Terra e sem nunca precisar chamar ela sempre esteve presente.

A eternidade não foi ao parto e por isso o que nasceu terá que terminar enquanto avista sua parcela eterna: condição sempre presente e mutante.

Até no bolo que eu fiz eu dormi em parte para sonhar além de mim, por fim se me quero eterno é por algo mais do que só eu.

Meu aniversário sempre foi festa para receber outros mais importantes que a solidão.

Ame!

domingo, 21 de maio de 2017




Quando olhar pela janela
amanheça ou torna-se noite
de maneira que um deus 
queira morar em seu peito.

Lá é um em si longe só em parte dos sentidos, mas que em pensamento também é chuva rasa sobre lago intermitente. Porque não se conclui é.

Das camadas da atmosfera qual compreende o som? E se involuntariamente também sou o que escuto, tenho sido até involuntariamente muita coisa.

Ah, Terra... a cada raíz que percebo chamo de sentido, entre cinco escolhemos nos definir humanos, e às vezes desconfio que ser eu é só a convergência de uma vontade prévia do em torno.

Lágrimas, audácia e compaixão nos ombros delas descansam a vitória.

É sobre o tempo que se apóia o veículo e envelhecer te faz lembrar disso, mas ser é outra coisa adaptável.

Por isso o quanto antes:

Quando olhar pela janela
amanheça ou torna-se noite
de maneira que um deus 
queira morar em teu peito.


                     Imagem: Zona Diversa MX


terça-feira, 16 de maio de 2017



É costume das poças olharem para olhos sozinhos. 

Vez ou outra dói minha capacidade de lembrar e então minhas memórias dormem na minha respiração. Saudades é um estar cansado sem nenhum esforço, eu respiro diferente enquanto lembro.

Não é sobre voltar em um tempo, eu sinto muito a medida que já vivo cada vez menos qualquer ingenuidade.

Se teu peito fez cadência então existe um ontem que o justifica. E no mais, na proporção que envelheço perdôo mais o passado, envelhecer é um sentido de perdoar a si mesmo.

Pessoas velhas morrem sem culpa nenhuma, porque o que fizeram terá sido viver e ainda assim no último instante de viver tiveram sede.


                              Imagem: C i r c l e 管理者

segunda-feira, 8 de maio de 2017


Me conforta em pensar que amor é talvez um bonsai feito de tempo e sentir.

E as mãos fechadas em cinco dedos como são cinco os sentidos esmurram um vazio. E eu não caibo no côncavo e nem sou bastante ao espaço aberto.

A verdade é um filme que imaginamos em particular tomado por empréstimo de todos os filmes que assistimos; mas só acontece para nós.

Eu não estou sozinho de ninguém e ninguém está sozinho de mim... a solidão é sentida porque somos deixados por nossos sonhos.

A solidão é sempre um desejo que convidamos e que chegou atrasado ou não veio à festa que somos nós.

Sou verde para amanhã.
Sou maduro para ontem.
Mas é hoje que não se completa sobre mim, então no meu mais imediato sou incapaz de acertar sobre quem sou e essa desmedida tem horizonte de pássaros e inscrição em lápide simultaneamente.

sábado, 6 de maio de 2017




A cada folha que pousa o outono se acumula um tom avermelhado e elas saltam para o chão.

Os dias não passam em silêncio, porque como pássaro descansando em galho, o tempo pousa nos sentidos e então sobra só o que sentir.

À beira é onde se coloca os corações e os amores até quando acontecem é porque existem por acontecer. Nunca ontem, hoje de soslaio com amanhã e assim namora a vida.


                                Imagem: Vito Basso