Te crio assim
depois de você já estar pronto.
Perfeito
- em torno não falta nenhuma parte -,
então onde me coloco?
Não caibo
porque não sou nada do que te falta.
E eu vou sobrar só em mim.
É absurdo que você restar em mim te torne ainda mais completo, pleno.
Talvez se eu fosse espelho ou mirante faria sentido ser eu.
Me engano, não te crio e você existe, eu só não te capturo.
Como caça que dança por entre armadilhas do meu delírio de estar seguro, você ultrapassa a margem em mim entre o outro e eu. E tudo em você é um aceno ao meu fracasso - minha experiência em não ter mais esperanças.
Mas você é simultâneo em duas fugas.
Agora quem acena sou eu,
enquanto entre nós só você me alcança.
Imagem: 'El arte de Gerardo Vizmanos.'
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