quinta-feira, 30 de novembro de 2017


À beira de toda lágrima é pura semente.

Madura é a cor do sorriso que já nasce colheita.

Eu não vou e nunca fui, ser é uma condição de continente, de mirante. Mas a alma se vê um barco e acredita que vai, acredita que navega, talvez por isso até navegue.

A alma à beira do abismo já acorda desde cedo equilibrista, faz disso imaginar.

Apesar de nunca ter ido de mim eu passo e os outros também passam, evitamos falar, mas sempre soubemos.

Ser é estar à beira de algo que nunca sabemos e tentar usar contra o abismo um espelho, um reflexo de si no passado. Ser é muito frágil até que o ser sinta algo, porque sentir é incluir - se numa coisa maior, mais remota, ancestral e que mora em muitos corações. Ser quando vira alma imagina e talvez por isso navega para além de si, porque em si o ser era só mirante ou só continente, mas imaginando navega.

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