Sobre alguma beleza em nascer em uma cidade rural... tínhamos mulheres dedicadas às mulheres gestantes, então assim que a criança nascia uma senhora mais velha e experiente tratava de 'curar o umbigo' do nenem... precisava ficar perfeito e sem nenhum excesso, depois de solto o resto de cordão umbilical virava relíquia familiar e um conjunto de moedas, coladas sobrepostas, assegurava que o umbigo se desenvolvesse como baixo relevo, era o senso estético daquelas velhas senhoras por muitos séculos... então a relíquia, a sobra de cordão umbilical, poderia ter dois destinos nobres: ser guardada por gerações ou a mãe deveria plantar embaixo de uma roseira. O grande risco era deixar a sobra de 'umbigo curado' à merce de um rato ou outro bicho que pudesse capturar e comer... e assim as mulheres desenhavam os destinos dos seus descentes em seus imaginários... se capturado e comido o destino seria pouco venturoso - por exemplo, se o umbigo fosse comido por um rato a criança seria um ladrão -, mas as roseiras eram sempre esperança de gente plantada e a vida futura florindo.
Minha mãe não me plantou, me vi algumas vezes ao longo da vida naquela parte inicial - meu resto de cordão umbilical - estou perdido e às vezes se me procurar me encontro, por fim ganhei uma condição de constante mistério original e transitoriedade.
Por qualquer razão me lembrei de mim agora.
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