Toda sociedade é um projeto, ainda que também aconteça para além do que foi premeditado. Dito isso, a clareza dos propósitos e o direito ao debate podem evitarem ou justificarem guerras. Porque será sequestro e violência toda vez que nossos corpos forem submetidos a propósitos irracionais/irrelevantes indesejáveis. No entanto, é surpreendente que entre os defensores do direito à propriedade privada, por exemplo, existam aqueles que diminuem a importância do corpo como o que há de mais privativo à toda pessoa. Veja bem, nada material pode ser mais privativo e pessoal do que o próprio corpo para alguém. Nesse sentido, toda forma de captura de um corpo só é minimamente aceitável se for válida pelo melhor argumento de nossa mais sofisticada razão. Contudo, a sociedade tem tolerado a violação de corpos sem causas razoáveis, por puro fetichismo disfarçado de moral ou tendo como motivação o costume (tradição). E, para agir sem resistência, esses argumentos insuficientes à oposição ao individual (ao privativo) são mantidos entre peças do tabuleiro (agentes sociais) ingênuos e/ou isentos de responsabilização imediata. Assim, os corpos violentados perdem - inclusive - chance de autopreservação ou legítima defesa. E, às vezes, por fim, serão mortos ou suicidados para reabastecerem esse sistema de crenças do bom assassino.
A gravidade dessa controvérsia sobre privacidade é imensurável se observarmos a ideia inicial desse argumento: toda sociedade é um projeto. Porque, nesse caso, de certa maneira, os corpos divergentes e ainda não violados são só exceções à retomada do projeto.
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