quarta-feira, 13 de setembro de 2017


Quase sempre a loucura e as doenças da alma nascem do egoísmo. Quem está interessado no outro: o outro como a ideia apaixonada, o outro como deleite estético ou o outro como destinatário de amor sem busca por reciprocidade, sofre menos da alma, porque a alma é semalhante ao Narciso mitológico e fica doente, petrificada, quando se admira excessivamente no espelho, coisa de extrema gravidade para algo efeito à fluidez por natureza. Mas não confuda a alma com a caixa que abriga a alma, às vezes o problema é físico e nestes problemas físicos da caixa a alma está isenta de responsabilidade e quem precisa de reparos é a caixa mesmo.  Mas, enfim, o alerta é que o interessar - se verdadeiramente por algo para além de si te alivia de tudo que há no ego e que te faz doente ensimesmado. Partindo para o mais simples, é por isso que dizemos que o amor cura. Porém leve em consideração que existem exceções e outros itinerários afetivos. Então se como fazem os artistas, os poetas e os escritores, você se interessar por si mesmo, mas como matéria-prima do discurso ou expressão dirigida ao outro, você também não estará tão vulnerável aos prejuízos do ensimesmamento egoísta, porque ainda que o outro não seja causa imediata está como a finalidade daquilo que te põe em movimento, evitando uma alma petrificada. Percebe como o outro - sendo a causa ou o fim - te livra de um ensimesmamento que adoece a alma? Pode parecer estranho, porque o outro quase sempre é a isca da nosso desequilíbrio afetivo, mas somos mutuamente a cura afetiva uns dos outros, a medida que pescamos uns nos outros nossos mais recônditos desequilíbrios emocionais.

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