quinta-feira, 14 de setembro de 2017


A morte para principiantes

Pensar com serenidade sobre a morte é extremamente bom. Entre outros benefícios, pensar sobre a morte traz essa ocorrência natural, inevitável e imprevisível, à consciência e você terá que se haver com isso de forma madura, o que é o oposto de confiar algo inevitável ao acaso e aos rompantes emocionais.

Eu acredito que a morte deveria constar como um dos temas de maior relevância na educação das pessoas desde a infância.

A percepção de limite traz um sentido de preciosidade para vida simultânea à constatação controversa de que a vida em si não tem um valor inerente, porque não se trata de algo durável ou mesmo sobre o qual invariavelmente possam se estabelecerem estimativas precisas. Mas então que valor tem a vida diante disso? E uma das respostas possíveis a essa pergunta é: o valor do significado que o vivente agrega à vida para si mesmo e em contexto social, porque as ações são bens pessoais e coletivos que podem ultrapassar a mortalidade do indivíduo que age.

Abaixo um aparte.

Por didática, vou dividir o ser manifesto em três partes:

O ser existe como ideia;
O ser existe como ação;
O ser existe como forma.

Sem aprofundar nessa ilustração e nas deduções e induções que possam advir delas, observe as matizes em degradê entre sutil e bruto, entre movimento e inércia. Então esqueça isso, se concentre em perceber entre essas três divisões 'inventadas' a graduação de perecibilidade, a diferença de tempo no processo de deterioração de cada uma dessas partes manifestas do ser. Veja que não é algo invariável, livre de exceções, mas parece mais possível que as partes relacionadas ao ser cultural tenham uma vida maior que a parte exclusivamente biológica ( o ser que existe como forma ), assim: uma ideia sobrevive mais tempo que uma ação e uma ação sobrevive mais tempo que uma forma.

Deduções, induções e sofismos curiosos podem se inspirarem nessas três divisões INVENTADAS sobre o ser manifesto: como ideia, como ação e como forma. Por exemplo, um gêmeo univitelino é uma repetição do mesmo ser na forma, mas sem coincidir necessariamente em nada no ser como ideia e no ser como ação. Outra possibilidade é perceber que uma ação que teve origem remota em um ser específico manifesto como ação pode tornar-se um código corporal e ocupar outro ou outros seres simultaneamente em diferentes lugares e épocas, quase como perpetuidade cultural; essa mesma maleabilidade do ser como ação também é propriedade do ser como ideia.

Por fim, eu posso tornar essas três divisões inventadas sobre o ser manifesto numa grande piada, se eu tentar qualquer aproximação  etimológica com os termos: espírito, alma e corpo, porque não satisfaria às pessoas encantadas pelo mistério e pareceria muito oportunista às pessoas interessadas na Cultura, por esses motivos não farei essa aproximação meramente etimológica aqui.

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