quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Post mortem e vida




Às vezes penso que Jung pode ter razão sobre os arquétipos e, indo mais longe, esses arquétipos também se relacionariam ao "mundo das ideias" de Platão. Assim os arquétipos seriam como que "softwares" responsáveis por formatar a matéria, eles preexistem e talvez também sejam criados e recriados.

“Phowa” é uma prática meditativa que se destina também a preparar o ser para a morte.  Mas o que arquétipos e “mundo das ideias” têm a ver com a prática de "Phowa"? O adepto da prática meditativa de "Phowa" é orientado a fundir-se no momento de morte com um dos Budhas ou dos bodhisattvas com qual tenha grande afeição; uma volta ao "software"(arquétipo) com o qual mais se afiniza. No entanto é muito importante lembrar que essa prática acompanha o adepto ao longo de toda sua vida, para que no momento de morte ele tenha domínio e condições de realizá-la perfeitamente.

O que cito acima é uma prática budista, mas acho interessante a comparação com a escatologia egípcia do "Livro Egípcio dos Mortos";  me recordo de algumas passagens nas quais o "morto" deve se ver na condição de Osíris ( "software"/"arquétipo" do antigo Egito). O sujeito não era imortal, mas podia tornar-se de forma consciente.

Essa hipótese escatológica é econômica e se ajusta às variantes demográficas. Por quê? Econômica porque o ser pode voltar a um arquétipo preexistente, caso contrário cada ser teria que concentrar muita energia pra gerar uma matriz/arquétipo próprio. E a ideia de retorno a um arquétipo preexistente elimina a dúvida sobre variações no número de viventes ao longo da história: a preservação ou a geração distinta para cada ser; seriamos com que cópias de um ou vários arquétipos/"softwares"/matrizes.

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