domingo, 17 de julho de 2011

Novela

  


   A revolta sempre foi meu maior motivo de expressão e por isso tratar com delicadeza qualquer tema torna estéril meu processo criativo. No entanto, alguns têm a habilidade necessária à construção do romance, esses são capazes de reapresentarem o drama humano por suas óticas particulares e envolverem seus leitores de modo transformador.
   Em nosso país, a novela é de extrema importância, a maior ferramenta política que temos. Contudo, caso fosse necessário apresentar argumentos favoráveis a essa afirmação - nenhum outro meio de expressão/comunicação se equivale em eficiência à telenovela na difusão de idéias -, eu recomendaria a todos observarem a grade de programação dos canais abertos no Brasil, as pesquisas de audiência e os produtos audiovisuais veiculados; todos gostam de estórias e a dramaturgia audiovisual é a grande linguagem do século XXI. E em nosso país, até o momento, é uma das competências da telenovela contar estórias formadoras do senso comum.
   Estando o Direito sujeito à Cultura, o legislativo me parece uma ficção comparado ao parlamento que se forma por ocasião de uma novela bem sucedida. Em nosso país, fatos históricos de mobilização pública, têm suas origens em estórias contadas por novelas brasileiras.  No entanto, por arroubo de pretensa intelectualidade – intelectual por citação, coletor de safra alheia – a classe média, vitimada pela busca de status intelectual, pode evitar falar sobre novelas em muitas ocasiões atualmente, mas sem muito esforço, percebe-se que os temas de seus discursos político-sociais foram fomentados por novelas – me incluo e acrescento: por fonte direta ou indireta a telenovela fomenta os discursos no Brasil. Também têm estrutura parecida com a da dramaturgia as matérias jornalísticas de maior repercussão em nosso país.
    Todo esse meu discurso é dispensável, se eu não apelar aos nossos grandes autores de telenovela, para que cada vez mais proponham temas transformadores da sociedade brasileira; sem ser panfletária a novela pode colocar em discussão temas polêmicos, que nosso legislativo se abstém discutir por receio das urnas, por sectarismo ou por incompetência; se ataco o legislativo é porque dos três poderes é o que mais admiro no Estado democrático, e no momento o que mais me causa revolta.  

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