sábado, 6 de julho de 2024

 

Retrovisor e binóculo 


Eu atravessei para depois de mim e desaprendi o caminho de volta. Então, tenho me deixado aos pedaços por onde ando, na esperança de algum dia lembrar dos primeiros passos esquecidos, da inauguração da minha perda de mim. E, escrever é necessidade e esperança de um dia me reconhecer. Só a verdade que me dói segue me lembrando, enquanto eu me perco ainda mais com o passar do tempo. Talvez a mente exista em separado da memória, talvez por isso lembrar não seja suficiente para evitar que minha mente continue se perdendo, ainda que eu me recorde das muitas vezes que me perdi de mim. 


O maior medo é que às vezes nem quem traz amor consegue me alcançar e mesmo que fosse possível seria exigir muito dos doam amor. Além disso, se eu também não me suporto, seria justo esperar que outra pessoa carregasse meu peso? De mãos dadas já é tão raro. 


Existir é um caminho por uma estrada que se desfaz ao fim de cada passo e olhar adiante é um exercício de fé. Se já é complicado para quem se enxerga, eu suponho que o mistério fique maior para os que se perderam de si mesmos.


Não se assuste se me encontrar perdido. 

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