quinta-feira, 3 de outubro de 2024

 

   Às vezes eu sinto como se algo estivesse por acontecer, no entanto, por diferentes motivos eu me deixo à margem do tempo e só a sensação permanece do que talvez poderia ser esse algo desconhecido, que incompleto continua, no máximo, como suspense. E a parte que eu não vivo e ignoro fica gigantesca, apesar de ausência de uma forma, paisagem ou mesmo um nome qualquer. Daí eu não escapo, não tenho como fugir. Até uma ilha muito isolada oferece uma chance de fuga, até uma ideia pode ser esquecida ou trocada por outra ideia, mas como escapar das coisas que ficam no vão entre: os nomes, as formas e outras impressões? Tem esse pedaço de existir em mim, que na melhor hipótese, aparece como um aceno de mão do que eu nunca sei o que é. Não é triste e nem alegre, não é nem lá ou aqui, não dói e nem nada. Mas, sendo assim, como pode inspirar desejo de fuga? Estranho pensar que talvez existam pensamentos sem palavras ou formas, quem sabe menos estranho se considerarmos que chamamos de espaço aquilo que acontece entre uma coisa e outra, então dizemos ver o espaço por não enxergarmos nenhum objeto. O espaço talvez sirva como um bom exemplo do que dizemos ser, porque não é. E se alguém me disser sofista, por favor, antes considere o fato de eu não ser um filósofo e só amontoar palavras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário