quarta-feira, 16 de julho de 2025

Aos que ficam tristes


   Hoje à tarde estive pensando por diferentes pontos de vista sobre o sofrimento. 


   Repassei mais de uma época da minha vida e me surpreendi - ao me reconhecer - com espaços invariáveis de uma tristeza sem descrição sempre. E eu sou, também, introvertido.


   Redescobri que eu tenho uma introspecção e uma tristeza permanente. Mas, o que me deixa pior são pessoas me sublinharem como um problema - inclusive, sou tornado um problema para mim -, porque alguns supõem me conhecerem melhor do que eu e querem vender uma narrativa estereotipada e propagandista do extrovertido de sucesso, do extrovertido vencedor e do lugar máximo no pódio sa vida, mas isso, por quê? Porque a existência passou à uma condição quase que exclusivamente de uma concorrência publicitária. 


         Narcótica alegria de viver em gratidão !


   E não tem saída, se você não PARECE ter sucesso a única possibilidade é você ser um fracasso, até para si mesmo, e, em algum momento vão te convencer disso. Óbvio que o inverso também pode ser falseado como real: se você for um fracasso no seu íntimo, no entanto, PARECE um sucesso, não há com o que se preocupar, afinal está tudo resolvido na sua vida. O critério essencial é parecer, então, depois é trabalhar de alguma forma a ilusão.


   Talvez reeditar um : " Foda-se ! ", faça alternativa à essa alucinação social de mundo encantado erguido como uma nova cerca ao viver.



segunda-feira, 14 de julho de 2025

Num piscar de olhos

 

Eu não consigo me lembrar muito bem, mas é possível que a gente tenha se conhecido por aplicativo ou alguma rede social. A verdade é que tudo foi muito rápido e surpreendente, talvez por isso algumas coisas fujam à minha memória. Mudança recente, apartamento com poucos móveis e vários planos conversados em algumas horas; assim foi o primeiro encontro. Remarcamos por telefone e eu fui, no entanto, ainda sem entender, por serem tantos os fatos e acelerados. Logo que cheguei fui recebido por um sorriso entusiasmado, mais conversa e mais planos compartilhados. Então, a campainha toca e sou apresentado ao namorado, ao parceiro, à razão verdadeira da mudança, das novas escolhas e de todo aquele entusiasmo. Mas, então, quem era eu? O ombro amigo, o confidente. Por sorte acordei, lavei o rosto e tomei sossegado minha caneta de café. 

sábado, 12 de julho de 2025

 


   Cheguei sem pressa, distraído pelas sombras, ele tocou minha mão e eu enxerguei já da outra margem: tudo que eu não mais viveria; depois - delicadamente - o tempo me ofereceu o ombro pra eu recostar minha cabeça antes de eu dormir.

quarta-feira, 9 de julho de 2025



Incrédulo, estático em mim, só posso fluir em outros corpos. Os olhos que me acendem o mundo não são os meus - meus olhos só podem ver. Respiro tudo que parece ausência e o ar faz companhia aos meus pulmões e a atmosfera visita meu sangue. A Terra gira firme, meus pés vacilam e eu preciso dançar em cada vértebra e articulação pra não cair. Em alta voz, ensaio canções de ninar para que eu possa dormir acordado. Restei no mundo sonhando.


- Você está aqui faz muito tempo?


- Depende. Exatamente onde e desde quando?


- Aqui! Não me enrole. 


- Eu moro aqui do outro lado, mas já estive nesse lugar em que você está faz pouco tempo. 


( RISOS )


- Ah, me desculpe. Faz sentido.

sexta-feira, 4 de julho de 2025

 

Talvez nada do que eu diga faça de fato diferença, mas porque permaneço em dúvida é que continuo dizendo. Então, sem te conhecer Heath Ledger (1979-2008) e sem também me conhecer de verdade ou a qualquer um outro, porque eu sei que só avisto as pessoas enquanto me vejo percebendo. Mas, apesar disso, eu tentaria dizer a você se tivéssemos tempo, aqui está um labirinto de espelhos no qual nos perdemos de propósito - o mais incrível labirinto de espelhos em um jardim secreto -, dito isso, aviso: procurar a saída merece muito cuidado sempre, porque somos em parte e ombro a ombro o próprio labirinto. Mais ainda e para além da primeira metáfora: como sair da estória sendo a própria ou por quê?