Entre o eu que observa, na língua
que me explico; chamei o vão de vazio. A este vazio coube às linguagens
preencher.
Na ausência de uma razão que me
justifique, me apego aos sentidos. Pobre
João Cabral de Mello Neto, incapaz de perceber que o abstrato é mais sentido
que o concreto - refém de palavras e objetos.
Volto ao vão. Entre o eu e o modo como em língua me projeto.
E só sobra língua sendo em abstrato concreto, o que me deixa preencher o vazio
de todo objeto. Me satisfaço em extensão, entro sem deixar de ser eu, abrigado pelo outro. De novo ela - a língua - traduz o que sinto
em palavras. Covarde, inventou a saudade escrita em português.